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Alguns americanos liberais ameaçaram se mudar para o Canadá se George W. Bush fosse reeleito em 2004, mas algo surpreendente aconteceu: os conservadores americanos estão se apaixonando pelo vizinho do norte.

O jornalista conservador John Fund escreveu recentemente na National Review que o Canadá está se tornando "mais americano que a América". O mesmo John Fund, que escreveu em um editorial de 1995 do Wall Street Journal, classificando o Canadá como "membro honorário do terceiro mundo".

Em agosto, quando o Burger King anunciou sua intenção de adquirir a cadeia canadense Tim Hortons e expandir rumo ao norte, o Journal disse em editorial que os Estados Unidos deveriam se dedicar a copiar as atraentes políticas fiscais empresariais do Canadá, e não em manter as empresas americanas em cativeiro. "O Canadá tornou-se uma jurisdição fiscal bem mais favorável às empresas do que os EUA", diz o editorial da liderança conservadora americana. "A negociação com o Burger King também mostra o contínuo sucesso do movimento canadense rumo aos mercados abertos e ao crescimento econômico".

Os liberais Chris Edwards e Amity Shlaes (e Fund) já pediram que os Estados Unidos copiem as contas de poupança isentas de impostos do Canadá, que são substancialmente mais flexíveis do que as contas individuais de aposentadoria. O ceticismo conservador com relação a uma reforma abrangente da imigração, como David Frum e Reihan Salam, citam o "sistema de pontos" canadense, que favorece os imigrantes qualificados e desencoraja a migração familiar, como um modelo a ser imitado. Vários tipos de políticos republicanos citam o Canadá como um parceiro confiável para a energia baseada em combustíveis fósseis, ansiosos por extrair petróleo das areias betuminosas e trazê-lo para os Estados Unidos através do oleoduto Keystone.

Mas, talvez, acima de tudo, os conservadores nos Estados Unidos gostem do Canadá porque ele é um exemplo de "austeridade expansionista", um país que melhorou sua economia ao mesmo tempo em que cortou dívidas e gastos públicos.

Mas há ressalvas.

Os amenos impostos corporativos do Canadá? Só foram possíveis, em parte, graças a um imposto sobre o valor agregado, adotado em 1991. A austeridade fiscal dos anos 90? Só foi possível por causa da contenção das despesas de saúde e do fraco dólar canadense.

A austeridade canadense dos anos 90 podia se dar ao luxo de ser expansionista devido a um boom de exportação que coincidiu com cortes de gastos do governo.

O Canadá é exportador de combustíveis fósseis durante uma recessão global incomum em que os preços das commodities estão altos. Isso ajudou a mitigar a recessão no país. O Canadá também não passou por uma crise habitacional, em parte por causa de políticas de crédito mais restritivas, mas também porque os preços permaneceram altos.

As políticas parecem mostrar que os opostos se atraem.

"As coisas que os conservadores gostam sobre o Canadá estão intimamente ligadas às coisas que mais odeiam sobre o Canadá", diz Frum, jornalista canadense-americano.

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