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 | Brian Cronin
| Foto: Brian Cronin

Meu primeiro verão cobrindo música clássica já se configurava um fracasso colossal. Eu não tinha conseguido convencer a chefia a me mandar ao Festival de Aix-en-Provence para ouvir Bach, nem ao Festival de Salzburgo para seguir os rastros de Mozart. Parecia um bom momento para experimentar com streaming.

Durante um verão de "viagens" feitas desde minha poltrona, pude assistir a "Trauernacht", a sombria encenação moderna de cantatas de Bach apresentada por Katie Mitchell em Aix, ver Anna Netrebko e um Plácido Domingo barítono na nova produção de "Il Trovatore", de Verdi, em Salzburgo, e ouvir o jovem tenor em ascensão Michael Fabiano cantar o papel de Alfredo em "La Traviata", também de Verdi, em Glyndebourne.

Mas, ao mesmo tempo em que hoje ficou muito fácil assistir a essas apresentações em meu computador, as coisas podem complicar-se um pouco mais se você preferir curtir óperas e sinfonias no aparelho de TV.óó

A abordagem que casas de ópera, orquestras e serviços web estão adotando em seus experimentos com streaming às vezes parece que pode exigir 1 milhão de aparelhos para conseguir a melhor experiência com cada um. Tudo isso faz você sonhar com um gigante do tipo do Netflix que pudesse facilmente transmitir obras por streaming para todos os aparelhos.

O coisa que mais se aproxima de um Netflix clássico talvez seja o site Medici.tv, que foi minha solução para assistir aos festivais de Verbier, na Suíça, de Aix e Salzburgo. O site oferece webcasts de cerca de cem apresentações ao vivo por ano. Elas são gratuitas quando vistas ao vivo e nos 90 dias seguintes. Depois disso, podem ser vistas por assinantes que pagam entre US$100 e US$150 por ano para ter acesso a pedidos a um arquivo de cerca de 1.400 programas musicais.

Durante décadas a música clássica esteve na linha de frente da inovação tecnológica. A popularidade das primeiras gravações de Enrico Caruso ajudou a construir o setor nascente das gravadoras de música. Estações de rádio começaram a transmitir concertos sinfônicos a partir do início dos anos 1920. Os LPs foram vistos desde o começo como sendo apropriados para obras clássicas mais longas.

Mas as versões iniciais do iTunes, embora ótimas para armazenar e classificar singles, às vezes tinham dificuldade em entender que o 2« Ato de uma ópera deveria vir depois do 1« Ato.

A era do streaming parece mais promissora. Serviços como Spotify oferecem um número espantoso de gravações. Ao voltar para casa uma noite, depois de ouvir Kristine Opolais cantando "Madama Butterfly" no Metropolitan Opera, em Nova York, abri o Spotify e pude ouvir gravações de Maria Callas, Renata Tebaldi, Mirella Freni e Renata Scotto cantando o mesmo papel.

Hoje as grandes casas de ópera e orquestras estão aderindo ao streaming por conta própria.

O Digital Concert Hall da Filarmônica de Berlim oferece concertos ao vivo e um arquivo de mais de 250 apresentações. As assinaturas custam entre US$13 por semana e quase US$200 por ano.

E o Met Opera on Demand oferece quase 150 vídeos e mais de 360 gravações em áudio de óperas do Met por US$14,99 mensais ou US$149,99 por ano.

Somando tudo, foi um ótimo verão de streaming.

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