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O escolhido pelo falecido governante Hugo Chávez como seu sucessor e até este domingo presidente encarregado da Venezuela, Nicolás Maduro, ganhou as eleições de seu país ao obter 50,66% dos votos sobre seu principal rival Henrique Capriles, que conseguiu 49,07%.

Maduro, um dos mais incondicionais colaboradores de Chávez durante os últimos 20 anos, e fama de ser um negociador, defendeu como "legal" e "constitucional" sua eleição como presidente, apesar de ter ganhado com 7.505.338 votos, pouco mais de 200 mil votos sobre Capriles, que obteve 7.270.403.

Alguns o avaliam como radical e todos concordam em sua indiscutível lealdade ao projeto de Chávez, do qual não se separou nos últimos 20 meses enquanto o presidente lutava contra um câncer.

Chávez o escolheu como seu sucessor político e a ele lhe correspondeu dar a notícia da morte do líder da revolução bolivariana.

Maduro liderou uma campanha completamente focada em sua figura, repetindo que é "filho" do governante e prometendo continuar seu legado seguindo ponto por ponto seu programa político.

Quem o conhece assegura que é um homem de equipe, que sabe se apoiar nos grupos com que trabalha e tem grandes dotes de negociação aprendidas durante seu passado sindicalista, do qual também tirou uma profunda e estruturada formação ideológica maoísta.

Antigo líder sindical, de 50 anos, antes de ser a cara da Venezuela no exterior foi durante muitos anos motorista de ônibus, se acotovelou na alta política internacional sem complexos e sem ocultar com naturalidade que não fala mais do que espanhol.

Maduro fez alarde durante a campanha desse passado de motorista e foi habitual ver-lhe chegar aos atos eleitorais dirigindo um ônibus no qual ia com toda a equipe de campanha.

Após se transformar em 2006 no ministro das Relações Exteriores mais jovem da era Chávez, Maduro foi nomeado vice-presidente em outubro do ano passado, centrando todos os olhares e erguendo-se de fato, e sem muitas surpresas, no homem forte do chavismo.

Nascido em Caracas em 1962 e criado na popular bairro de Valle, Nicolás Maduro é um esquerdista convicto que se iniciou no Ensino Médio como líder estudantil.

Sem passar pela universidade, trabalhou como motorista de ônibus, condutor do metrô de Caracas, chegando a ser um destacado líder sindical nos anos 90.

Conheceu Chávez enquanto este cumpria pena em prisão por seu fracassado golpe de Estado de 1992, em um momento em que vários grupos se aproximavam do tenente-coronel.

Nesse contexto também conheceu sua esposa, a advogada e antiga líder parlamentar do chavismo, Cilia Flores (nove anos mais velha que ele), uma das advogadas que assessoravam Chávez.

De sorriso amplo, contribuiu para a fundação do partido que levou o líder ao poder, o Movimento V República (MVR), sendo eleito deputado em 2000, após ter participado da redação da nova Constituição Bolivariana de 1999.

Em janeiro de 2006 foi designado presidente do Parlamento, um cargo no qual ficou sete meses, já que em agosto daquele mesmo ano recebeu o cargo que lhe daria projeção internacional: o de ministro das Relações Exteriores.

"É uma pessoa no trato pessoal muito cordial, com bom senso de humor, mas quando tem que apertar aperta e com o adversário é duro, certamente", assegura o jornalista e ex-vice-ministro de Relações Exteriores Vladimir Villegas, que estudou na mesma escola que Maduro.

Seus opositores o acusam de ter destroçado a Chancelaria, tirando diplomatas de carreira e colocando gente que lhe tinha acompanhado durante sua vida laboral e que terminou entrando no Ministério das Relações Exteriores junto com ele.

Há quem também lembre a visita que ele e Flores fizeram ao líder espiritual indiano Sai Baba em 2005, algo que para alguns evidencia seus estranhos hábitos religiosos, enquanto outros consideram que demonstra a personalidade de Maduro.

Durante a campanha surpreendeu a todos assegurando que Chávez tinha aparecido para ele na forma de um passarinho. O comentário gerou brincadeiras e gozações na oposição e nas redes sociais, mas Maduro não se calou e inclusive insistiu nessa história.

"Eu contei algo muito simples que me aconteceu ontem, sim, me aconteceu, me aconteceu. E eu me sinto feliz que me tenha acontecido, é minha espiritualidade e me deu a vontade de compartilhá-la com o povo", disse durante um ato eleitoral.

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