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Ruas da Cidadania e supermercados passam a coletar doações

Os curitibanos que querem fazer doações para ajudar as vítimas do terremoto no Haiti têm novas opções para levar os donativos. Além da campanha do governo do estado iniciada na segunda-feira (18), a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil de Curitiba também lançou uma campanha de arrecadação de doações. Os alimentos podem ser levados para as Ruas da Cidadania e na sede da Guarda Municipal, na Rua Presidente Faria, 451, no Centro

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Dois breves mas relativamente fortes terremotos atingiram nesta sexta-feira a capital haitiana, Porto Príncipe. A região já foi bastante afetada pelo violento tremor de 7 graus na escala Richter, no dia 12, que destruiu boa parte da cidade e deixou pelo menos 75 mil mortos e mais de um milhão de desabrigados.

A mais forte das réplicas de hoje, de magnitude 4,4, ocorreu a 24 quilômetros a noroeste de Porto Príncipe, às 8h54 (hora local 10h54 de Brasília), segundo o Centro de Pesquisas Geológicas dos Estados Unidos. Alguns moradores correram em pânico para as ruas, temendo novas demolições.

Outros moradores pareciam mais habituados aos tremores, que têm ocorrido todos os dias. "Eu não estou na verdade acostumado a isso, mas começando a ficar com menos medo", disse a estudante Naomi Renouard, de 23 anos. "Eu corri como faço normalmente. Acho que Deus está nos punindo por nossos pecados, para nos mostrar um melhor caminho.

Equipes internacionais ainda buscavam algum sobrevivente nos escombros, enquanto tropas estrangeiras e agências da Organização das Nações Unidas (ONU) se concentravam na distribuição de ajuda aos sobreviventes.

Sequestros de crianças

O Unicef (Fundo das Nações Unidas para a infância) denunciou nesta sexta-feira (22) que pelo menos 15 crianças foram sequestradas em diferentes hospitais do Haiti depois do terremoto que devastou o país no dia 12.

Jean-Claude Legrand, assessor de proteção à infância da agência, disse que a suspeita é que eles tenham sido sequestrados por redes de tráfico que os teriam levado a Santo Domingo, capital da vizinha República Dominicana. "O tráfico de crianças já existia no Haiti antes do terremoto", disse ele. "Desgraçadamente, as quadrilhas têm vínculos com o mercado internacional da adoção ilegal."

Ele disse que o Unicef enfrentou o mesmo problema depois do tsunami na Ásia, em 2004. "Essas redes entram em ação assim que ocorre uma catástrofe e aproveitam a debilidade da coordenação das autoridades para sequestrar crianças e tirá-las do país", explicou.

Adoções de crianças

As imagens de milhares de crianças com fome, sede, desabrigadas e sem atendimento médico no Haitidespertaram em todo o mundo o interesse de adotá-las. Entidades especializadas em adoções internacionais e mesmo embaixadas se mobilizaram para fazer a ligação entre famílias candidatas e as crianças haitianas.

Se depender do governo do Haiti, no entanto, por ora, nenhuma delas sairá do país, para evitar o risco de cometer erros e mesmo de tráfico de crianças. O secretário de Estado para Ajuda Alimentar e Água, Michel Chancy, informou ontem que estão suspensos novos processos de adoção internacional.

Brasileiros distribuem comida

As tropas brasileirasdistribuíram nesta quinta-feira três toneladas de alimentos e três mil litros de água no bairro pobre de Cité Militaire, em Porto Príncipe, capital do Haiti, nação caribenha arrasada por um terremoto de 7,0 graus na Escala Richter na terça-feira da semana passada. Mas os alimentos não foram suficientes para atender todos os famintos haitianos. Pelo menos metade da fila ficou sem os mantimentos.

A distribuição ocorreu num aterro de lixo queimado misturado a fezes. Uma equipe militar brasileira levou 320 kits de comida. O trabalho de entrega do material durou cerca de meia hora. Os kits tinham 2 quilos de leite em pó, 1 quilo de açúcar, 2 latas de fiambre, 2 de sardinha, 8 pacotes de bolacha e 12 litros de água.

O capitão de fragata Júlio César Franco, que chefiou a distribuição, explicou que a estratégia é entregar os mantimentos em operações "formiguinhas", já que há falta de estrutura e logística na cidade para atender de imediato toda a população. "O problema é o caos, a gente precisa pensar na segurança das pessoas. Nós sempre tentamos realizar operações reduzidas e preferimos montar a mesma estrutura várias vezes em vez de entregar tudo de uma vez."

Pelo menos 200 pessoas que estavam na fila não foram atendidas. Segundo o capitão, a entrega é articulada com líderes comunitários e novas operações na mesma região serão realizadas nos próximos dias.

80 mil corpos

Nove dias depois do terremoto que destruiu Porto Príncipe, os haitianos estão enterrando e queimando até 10 mil corpos por dia em covas coletivas abertas em barrancos nos arredores da capital.

A Comissão Europeia estima que pelo menos 80 mil corpos estejam em covas coletivas. A medida contraria a orientação das organizações humanitárias, que pedem que os cadáveres sejam minimamente catalogados, uma vez que corpos de vítimas sadias não transmitem epidemias, mesmo em decomposição.

"Eu vi tanta, mas tanta criança, que não posso dormir de noite. E, se durmo, tenho pesadelos o tempo todo", disse Foultone Fequiert, de 38 anos, que trabalha enterrando corpos num aterro de Titanyen, ao norte da capital. "Eu recebi 10 mil cadáveres só ontem", disse Fequiert com o rosto coberto por uma camiseta na tentativa de amenizar o mau cheiro.

Os trabalhadores encarregados dos enterros em massa dizem não ter tempo para cumprir rituais religiosos nem para deixar os corpos em covas que possam ser localizadas por parentes mais tarde. "Nós só empurramos para dentro e tampamos", disse Luckner Clerzier, que ajuda a guiar os caminhões que chegam aos aterros coletivos com cada vez mais cadáveres.

Um correspondente da agência de notícias Associated Press contou 15 covas em um bairro de Porto Príncipe, a maioria com 8 metros de profundidade. Na maior delas, três máquinas revezavam-se nas escavações, preparando o local para a chegada de novos corpos.

Tarefa gigantesca no Haiti

Com o início da chegada de comida, medicamentos e dinheiro, o governo do Haiti e as equipes de ajuda começam a gigantesca tarefa de alimentar e abrigar centenas de milhares de sobreviventes do terremoto que ainda vivem na capital tomada por escombros.

Até 1,5 milhão de haitianos ficaram desabrigados pelo terremoto do dia 12 de janeiro que atingiu o país caribenho e devastou a capital Porto Príncipe. Eles precisam de comida e água e muitos precisam de tratamento médico. Assustados com tremores secundários, muitos estão traumatizados demais para dormir debaixo de um teto.

O governo disse na quinta-feira que 400 mil sobreviventes serão levados para novas vilas que serão construídas fora da cidade.

O ministro do Interior, Paul Antoine Bien-Aime, disse que a primeira leva de 100 mil refugiados irá para vilas de 10 mil tendas cada próximas à cidade de Croix Des Bouquets, no norte do país. A ajuda e a comida começam a chegar a Porto Príncipe, mas muitos ainda sofrem com necessidades básicas 10 dias após o terremoto de magnitude 7, que matou até 200 mil pessoas. "Precisamos de abrigo... Não temos comida ou água. Quando chove, temos uma série de problemas", disse Iswick Theophin, um estudante.

Helicópteros da Marinha dos Estados Unidos levaram água para as pessoas que estão morando em um acampamento. Mais de 13 mil militares norte-americanos estão no Haiti e em 20 navios no litoral do país. Eles levam suprimentos de avião, retiram os que estão gravemente feridos e protegem os pontos de distribuição de ajuda.

A Organização das Nações Unidas conta quase 450 acampamentos de desabrigados somente em Porto Príncipe e fez um apelo para que o governo os juntasse para facilitar a distribuição de alimentos.

Homenagem Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou nesta quinta-feira em Brasília de homenagem aos 18 militares mortos no terremoto que devastou o Haiti na semana passada.

Com os caixões cobertos com bandeiras do Brasil, os militares foram promovidos em uma cerimônia póstuma que contou também com a presença do vice-presidente, José Alencar, ministros e autoridades.

Lula citou e agradeceu a cada um dos 18 militares. Ele se referiu aos militares como "bravos soldados" que morreram "cumprindo a mais nobre missão humanitária" já realizada pelas Forças Armadas brasileiras.

"Estou falando de destemidos compatriotas que chegaram ao Haiti levando a seguinte mensagem àquela gente sofrida: 'vocês não estão sozinhos'", declarou o presidente em cerimônia emocionada na Base Aérea de Brasília.

Indenizações

Mais cedo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou um projeto de lei que autoriza o governo a indenizar as famílias dos militares mortos no terremoto do Haiti em R$ 500 mil.

A medida prevê ainda o pagamento de uma bolsa educação de R$ 510 para os dependentes dos soldados, que terão direito ao benefício até completarem 24 anos. A matéria depende da aprovação do Congresso Nacional, que retorna do recesso parlamentar no dia 1º de fevereiro.

A informação sobre a indenização foi repassada pelo ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. "O presidente deve encaminhar ao Congresso um projeto de lei para autorizar uma indenização às famílias dos militares brasileiros que morreram no Haiti", revelou.

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