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Liu Xiaobo, o mais proeminente dissidente chinês, incomoda o governo desde 1989, quando aderiu a uma greve de fome estudantil dias antes da repressão militar ao movimento pró-democracia na praça Tiananmen (ou da Paz Celestial).

Agraciado na sexta-feira com o Prêmio Nobel da Paz, Liu, 54 anos, foi condenado a 11 anos de prisão em dezembro passado sob a acusação de subversão, por fazer campanha em prol de liberdades políticas. A sentença foi criticada pelos EUA, pela União Europeia e por grupos de direitos humanos.

Liu está entre os mais combativos críticos do regime unipartidário chinês.

"Usar a lei para promover os direitos pode ter um impacto apenas limitado quando o Judiciário não é independente", disse ele à Reuters em 2006, por exemplo, quando estava sob outro período de prisão domiciliar.

No ano retrasado, ele foi um dos organizadores do manifesto chamado Carta 08, em que intelectuais e ativistas pediam reformas abrangentes na China, inspirando-se na Carta 77, um marco do movimento pró-democracia na Checoslováquia na década de 1970.

A candidatura de Liu ao Nobel era defendida pelo ex-dissidente e ex-presidente checo Václav Havel, um dos articuladores da Carta 77, e pela seção norte-americana da entidade de direitos humanos International Pen.

Liu Xia, esposa do dissidente, disse à Reuters nesta semana que a China tentaria a todo custo evitar a concessão do Nobel ao seu marido. Ela afirmou que não o vê desde 7 de setembro e a saúde dele está abalada, mas que ele está com ânimo positivo.

"Os amigos de Liu Xiaobo sempre me diziam que queriam, mais do que ele, que ele ganhasse esse prêmio, porque acham que é uma oportunidade de mudar a China", afirmou ela.

Um desses amigos, o advogado e ativista Pu Zhiquiang, afirmou que Liu "diz o que tem na cabeça". "Não acho que um Prêmio Nobel para Xiaobo ou qualquer outro chinês tenha um enorme impacto na situação dos direitos humanos na China. Mas certamente vai estimular mais pessoas a lutarem por esses valores o máximo que puderem", afirmou Pu.

Liu já havia passado 20 meses na cadeia depois da repressão aos protestos de Tiananmen, e depois ficou três anos num campo de "reeducação pelo trabalho", na década de 1990, além de vários meses praticamente sob prisão domiciliar.

A China, encorajada por sua pujança econômica e pelos temores das potências ocidentais, parece ter pouca paciência com qualquer forma de pressão contra o rígido controle que impõe às atividades políticas dos seus cidadãos.

Os tribunais chineses, controlados pelo Partido Comunista, raramente absolvem réus, especialmente em casos de cunho político.

No veredicto do ano passado, ao qual Liu não teve o direito de responder, os juízes disseram que os escritos dele "tinham o objetivo de subverter a ditadura democrática popular do nosso país e o sistema socialista". "Os efeitos foram malignos, e ele é um grande criminoso."

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