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Oslo (Reuters) – A agência da Organização das Nações Unidas (ONU) responsável pela fiscalização de atividades nucleares e seu chefe, Mohamed El Baradei, venceram o Prêmio Nobel da Paz de 2005, anunciado ontem. O comitê do Nobel manifestou, junto com o anúncio, a esperança de que as armas atômicas sejam proibidas.

O comitê elogiou a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e o egípcio El Baradei por seus esforços para impedir a disseminação das armas nucleares para novos Estados e para terroristas, e para garantir o uso civil seguro da energia nuclear.

El Baradei já recebeu muitas críticas num passado recente, principalmente por parte dos Estados Unidos e do Irã, por causa da investigação do programa nuclear iraniano. As autoridades norte-americanas ficaram impacientes porque a AIEA não conseguiu determinar a existência de um programa nuclear no Iraque, antes da invasão do país, em 2003. As armas de destruição em massa que justificaram o ataque nunca foram encontradas.

O comitê do Nobel disse que o mundo obteve poucas conquistas até agora na proibição das armas nucleares, e afirmou esperar que o prêmio incentive os trabalhos para abolir esse tipo de arma, no ano que marca o 60.º aniversário dos ataques norte-americanos a Hiroshima e Nagasaki com bombas atômicas.

El Baradei foi um "advogado destemido" de medidas para garantir a não-proliferação, afirmou o comitê. A agência e El Baradei estavam entre os favoritos entre os 199 candidatos ao prêmio, que reuniam desde presidentes até o cantor Bono.

"Numa época em que os esforços pelo desarmamento parecem estar num impasse, em que há o perigo de que armas nucleares se disseminem tanto para Estados como para grupos terroristas, e em que o poder nuclear parece estar voltando a ter um papel cada vez mais importante, o trabalho da AIEA tem uma importância inestimável", disse o comitê.

O prêmio é de cerca de 1,3 milhão de dólares e será entregue oficialmente no dia 10 de dezembro, em Oslo. El Baradei disse que o dinheiro não é o mais importante, mas a injeção de ânimo que o prestígio do prêmio oferece. "Estou encantada. Esse é o dia mais maravilhoso de minha carreira na AIEA. Nunca imaginei que veria isso acontecer. Estou muito orgulhosa e feliz", disse a porta-voz da agência, Melissa Fleming.

O prêmio de 2004 também havia sido dado a uma africana, a ambientalista queniana Wangari Maathai. El Baradei foi o primeiro egípcio a ganhar desde o presidente Anwar Sadat, que venceu em 1978.

Foi justamente o período que antecedeu a guerra do Iraque, em 2003, que deu destaque a El Baradei, que irritou Washington por sustentar que não havia provas de que o país possuísse armas de destruição em massa. Os EUA chegaram a trabalhar nos bastidores para impedir a renovação do mandato de El Baradei na chefia da agência, sem sucesso. O presidente do comitê do Nobel, Ole Danbolt Mjoes, disse que o prêmio não é uma crítica velada a Washington. "Isso não é um ‘chute nas pernas’ de nenhum país", disse ele numa entrevista coletiva. Em 2002, quando o prêmio foi conferido ao ex-presidente norte-americano Jimmy Carter, um ex-presidente do comitê descreveu a premiação como um "chute nas pernas" de Bush.

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