| Foto: Ilustrações: Osvalter Urbinati
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Calendário 2014

Academia Sueca atribui prêmios para seis categorias do conhecimento:

Medicina

John O’Keefe (anglo-americano), May-Britt Moser e Edvard Moser (noruegueses), pela descoberta das células que fazem parte do sistema de posicionamento geográfico que funciona no cérebro humano.

Física

Isamu Akasaki, Hiroshi Amano e Shuji Nakamura (japoneses) — pela invenção do LED (diodo emissor de luz) da cor azul, sem o qual as fontes emissoras de luz branca — formada pela junção de LEDs vermelho, verde e azul —, mais econômicas e potentes, não seriam possíveis.

Química

Eric Betzig e William Moerner (americanos) e Stefan Hell (alemão) quebraram uma barreira na capacidade de observação de microscópios ópticos, permitindo aos pesquisadores observarem moléculas específicas dentro de células vivas.

Literatura

Patrick Modiano (francês) é autor de mais de 25 romances e foi escolhido "pela arte da memória com a qual evoca os destinos humanos mais incompreensíveis e descortina a ocupação [nazista na França]".

Paz

Malala Yousafzay (paquitanesa) e Kailash Satyarthi (indiano), "pela luta contra a repressão de crianças e jovens e em favor do direito de todas as crianças à educação".

Segunda-feira: Economia.

Fonte: Nobelprize.org

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A paquistanesa Malala Yousafzai, de 17 anos, e o indiano Kailash Satyarthi, de 60 anos, ganharam o Prêmio Nobel da Paz, anunciado ontem em Oslo. Para o comitê norueguês da premiação, a escolha se justifica "pela luta contra a repressão de crianças e jovens e pelo direito de todas as crianças à educação".

"As crianças devem frequentar a escola, e não ser exploradas financeiramente", afirmou Thorbjoern Jagland, presidente do Comitê Norueguês do Nobel, responsável pela escolha dos premiados. "O comitê considera um ponto importante que um hindu e uma muçulmana, um indiano e uma paquistanesa, participem de uma luta comum pela educação e contra o extremismo."

A referência é à tensão entre Índia e Paquistão, que disputam o território da Caxemira. Nos últimos dois anos, o prêmio da Paz foi dado a instituições — à Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) em 2013 e à União Europeia em 2012.

A cerimônia da premiação, com a entrega de US$ 1,1 milhão, será em Oslo, na Noruega, em 10 de dezembro.

A ativista Malala, que foi alvo de um ataque do Taleban paquistanês em outubro de 2012 por defender o direito das mulheres à educação, é a mais jovem vencedora de um Nobel, tirando o posto de Lawrence Bragg, que aos 25 dividiu o prêmio de Física de 1915 com o pai.

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Na categoria da Paz, a detentora do título era a jornalista iemenita Tawakkol Karman, que ganhou em 2011, aos 32. Malala sobreviveu a um tiro na cabeça e foi levada ao Reino Unido para tratamento. Tornou-se símbolo da luta contra os militantes que operam em áreas tribais no noroeste do Paquistão.

O primeiro-ministro paquistanês, Nawaz Sharif, afirmou que Malala é o "orgulho do país". A ativista havia sido indicada ao Nobel em 2013 e ganhou um prêmio de direitos humanos da União Europeia.

O engenheiro Satyarthi se dedica a salvar crianças dos trabalhos forçados, além de ter libertado também adultos mantidos em regime de escravidão. Satyarthi dedicou o prêmio às crianças escravizadas. "Agradeço ao comitê do Nobel pelo reconhecimento do sofrimento de milhões de crianças", disse o indiano. "É uma honra para todas as crianças que ainda sofrem com escravidão, trabalho forçado e tráfico de pessoas."

"Calcula-se que haja 168 milhões de crianças trabalhando em todo o mundo", disse Jagland. "Em 2000, o número era de 78 milhões a mais. O mundo chegou mais perto do objetivo de eliminar o trabalho infantil."

Segundo o comitê do Nobel, Malala e Satyarthi foram escolhidos entre 278 indicados — como Edward Snowden, delator da espionagem americana, o papa Francisco e o presidente russo, Vladimir Putin.

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Premiados

Em 2014: Malala Yousafzai e Kailash Satyarthi. Em 2013: Organização para Proibição das Armas Químicas (Opac). Em 2012: União Europeia. Em 2011: Ellen Johnson Sirleaf (economista, presidente da Libéria), Leymah Gbowee (terapeuta e ativista liberiana) e Tawakkol Karman (jornalista iemenita). Em 2010: Liu Xiaobo (escritor e ativista chinês). Em 2009: Barack Obama (presidente dos EUA). Em 2008: Martti Ahtisaari (diplomata finlandês e mediador da ONU). Em 2007: IPCC (Painel Intergovernamental de Mudança Climática) e Al Gore (ecologista e político americano). Em 2006: Muhammad Yunus (economista e banqueiro de Bangladesh) e Grameen Bank (banco especializado em microcrédito para famílias pobres). Em 2005: Agência Internacional de Energia Atômica e Mohamed El Baradei (diplomata egípcio).

17

Malala é a vencedora mais jovem — com 17 anos — do Nobel. Ela recebeu o prêmio por defender a educação feminina (e quase foi morta pelo Taleban por causa disso). O nome de Malala ganhou projeção quando foi revelado que ela era a menina sob pseudônimo que escrevia, no blog da BBC, acerca da dominação do taleban no Vale do Swat, no norte do Paquistão, entre os anos 2008 e 2009.