Painel mostra vítimas da minoria yazidi que foram sequestradas pelo Estado Islâmico, em casa de chá em Dohuk, no Curdistão iraquiano, agosto de 2020| Foto: EFE/EPA/Gailan Haji
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Uma mulher alemã que se uniu ao autointitulado Estado Islâmico no Iraque foi condenada, nesta segunda-feira, a dez anos de prisão por um tribunal de Munique, Alemanha, pelo assassinato de uma menina yazidi que era mantida como escrava por ela e seu marido.

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Jennifer Wenisch, 30 anos, foi condenada por cumplicidade em crimes de guerra e assassinato. Ela e o marido deixaram a menina de cinco anos morrer de sede, acorrentada sob o sol, na cidade iraquiana de Fallujah, em 2015.

O caso é um dos primeiros julgamentos no mundo de crimes de guerra contra os yazidis, uma minoria curda perseguida e escravizada por jihadistas no Iraque e na Síria. O marido de Wenisch, Taha al-Jumailly, está sendo julgado por um tribunal de Frankfurt que deve anunciar um veredito no mês que vem.

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Wenisch negou as acusações e disse que ficou com medo que o seu marido a punisse caso ela tentasse salvar a criança. A sua defesa alegou que a mãe da menina não era uma testemunha confiável e que não havia evidências de que a criança, que foi levada a um hospital, teria morrido.

"Depois que a menina ficou doente e molhou o seu colchão, o marido da acusada o acorrentou do lado de fora como punição e deixou a criança ter uma morte agonizante de sede no calor escaldante", disseram os promotores.

A mãe da criança, que também era mantida como escrava, testemunhou durante o julgamento e relatou as torturas sofridas por sua filha.

O julgamento ocorreu na Alemanha devido ao princípio legal de jurisdição universal, que permite o processo de supostos crimes de guerra mesmo que eles tenham ocorrido em países estrangeiros.

Segundo relatos da imprensa, a alemã se converteu ao islamismo em 2013 e se juntou ao Estado Islâmico no Iraque no ano seguinte. Ela foi recrutada em 2015 pela polícia da moralidade do EI e patrulhava as ruas de Fallujah e Mosul para garantir que as normas rígidas do grupo jihadista para vestimentas e comportamento público estavam sendo seguidas.

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A "noiva do Estado Islâmico", como são chamadas as mulheres ocidentais que fugiram para se unir ao grupo jihadista, foi presa na Turquia em 2016 e então extraditada para a Alemanha.

No entanto, ela foi levada em custódia apenas em junho de 2018, quando foi presa ao tentar chegar aos territórios ainda controlados pelo Estado Islâmico na Síria, com a sua filha de dois anos, segundo noticiou o Euronews. Durante o trajeto, ela contou ao motorista sobre a sua vida no Iraque. O motorista era na verdade um informante do FBI que gravou os relatos.

Em 2014, combatentes do EI tomaram os territórios originários dos yazidis, no norte do Iraque, e escravizaram milhares de mulheres e crianças. Estima-se que as atrocidades do EI tenham deixado 10 mil yazidis mortos na região.