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Médicos e policiais no local do atentado, em Rawalpindi: governo anunciou recompensa pela captura do líder do Taleban | Stringer/Reuters
Médicos e policiais no local do atentado, em Rawalpindi: governo anunciou recompensa pela captura do líder do Taleban| Foto: Stringer/Reuters

Islamabad - O Paquistão foi alvo de mais dois atentados suicidas ontem, em aparente nova reação do Taleban à ofensiva do exército paquistanês contra bastiões dos radicais islâmicos. A violência deve forçar a saída da ONU de locais de risco.

Em Rawalpindi, perto da capital Islamabad (nordeste), um duplo atentado à bomba em frente a um banco deixou 35 mortos (entre eles quatro militares) e 60 feridos. Horas depois, em Lahore, no leste do país, a explosão de um carro perto de um posto policial deixou ao menos sete oficiais feridos, dois deles em estado crítico. Dois supostos homens-bomba morreram.

Em Rawalpindi, o local do atentado – um centro comercial perto de um quartel militar – ficou repleto de cacos de vidro e restos de carne humana carbonizada, de pessoas que esperavam na fila do banco para sacar seus salários.

O chanceler paquistanês, Shah Mehmood Qureshi, disse que os ataques "não diminuirão nossa determinação em erradicar a ameaça [do Taleban]’’.

Nenhum grupo reivindicou as ações mas, no último mês, ataques atribuídos ao Taleban deixaram mais de 300 mortos, alguns deles funcionários da ONU. A onda de atentados é vista como uma resposta à operação militar paquistanesa iniciada em 17 de outubro no distrito tribal de Waziristão do Sul (fronteira com o Afeganistão), contra os insurgentes do Taleban que controlam grande parte da região.

Recuo

Ante o recrudescimento da violência e em decorrência da morte de 11 de seus membros em atentados no último ano, a ONU anunciou a retirada de seu pessoal – salvo os que prestam serviços considerados vitais – de áreas tribais e da Província da Fronteira Noroeste, além da suspensão de seus programas de longo prazo.

A decisão deve piorar ainda mais a situação dos refugiados e dificultar o esforço para melhorar a vida diária dos paquistaneses em áreas de risco.

Um porta-voz da Chancelaria paquistanesa disse que a decisão da ONU era compreensível, mas que esperava que o órgão retomasse seus trabalhos após a conclusão da atual ofensiva militar.

Essa ofensiva resultou, ontem, na tomada pelo Exército da cidade de Kaniguram, um "centro operativo’’ do Taleban no Waziristão do Sul.

Recompensa

Enquanto isso, o governo paquistanês publicou anúncios nas capas dos jornais locais oferecendo recompensa de US$ 5 milhões pela captura ou morte de Ha­­kimullah Mehsud, líder do Taleban no Paquistão, e de outros 15 comandantes do grupo radical islâmico, qualificados como responsáveis "pela morte diária de muçulmanos inocentes’’.

E, no mesmo dia em que Rawalpindi foi alvejada por um ataque, o comandante das tropas americanas e da Otan (aliança militar ocidental) no Afeganistão, general Stanley McChrystal, reuniu-se na cidade com o líder do Exército paquistanês, general Ashfaq Parvez Kayani. A Embaixada dos EUA não confirmou se McChrystal já estava em Rawalpindi na hora do atentado.

A campanha militar nas áreas tribais paquistanesas é apoiada pelos EUA, que consideram o combate aos insurgentes no Paquistão crucial para sua vitória na guerra afegã.

Na semana passada, a secretária de Estado, Hillary Clinton, visitou o país e prometeu apoio, mas ao mesmo tempo disse duvidar de que o governo paquistanês não saiba onde se encontram os líderes da Al Qaeda em seu território. Acredita-se que os insurgentes tenham criado um Estado paralelo dentro do Paquistão, ao qual o governo faria vista grossa.

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