O novo primeiro-ministro do Japão, Naoto Kan, prometeu combater a enorme dívida pública do país e manter os laços com Washington ao nomear seu gabinete.

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A escolha de Kan, de 63 anos, como quinto premiê japonês em três anos, aumentou as chances de seu Partido Democrata nas eleições à Câmara Alta do Parlamento. O partido precisa vencer para se libertar de sua parceria com uma legenda pequena e evitar a necessidade de encontrar mais aliados para aprovar leis.

Os democratas ficarão no poder independentemente do resultado das eleições parlamentares, que devem acontecer em julho, mas uma coalizão renovada poderia complicar a formulação de políticas, dependendo de sua composição.

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Vindo de um período de seis meses como ministro das Finanças, Kan parece comprometido a controlar a dívida pública que já é o dobro da atividade econômica do Japão. Seu gabinete também parece unido sobre o assunto, a não ser pelo ministro bancário Shizuka Kamei, que preside um pequeno partido de coalizão e gosta de grandes gastos.

"Restaurar nossa saúde fiscal é indispensável para o crescimento econômico", disse Kan a jornalistas, acrescentando que só aumentar impostos impulsionaria a deflação e que é necessário dar prioridade aos gastos em áreas de crescimento. Ele também pediu um debate não-partidário sobre a reforma fiscal e tributária.

Kan, que assume após o indeciso Yukio Hatoyama desperdiçar o apoio que tinha em apenas oito meses como primeiro-ministro, deu a pasta das Finanças ao conservador fiscal Yoshihiko Noda.

Ele também indicou o ex-ministro nacional de estratégia, Yoshito Sengoku, como secretário-chefe do gabinete -- o principal porta-voz do governo e um importante coordenador de políticas.

As próximas eleições gerais precisam ser realizadas até o final de 2013 e, mesmo que o Partido Democrata tenha prometido não elevar o imposto de 5 por cento sobre vendas até então, os reformistas fiscais do partido querem deixar claro sua intenção de aumentá-lo antes das eleições.

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Comprometimento testado

O comprometimento de Kan com a reforma fiscal, porém, pode ser testado por uma desaceleração econômica.

"Enquanto a economia sustentar sua recuperação, Kan trabalhará para consertar as finanças do Japão", disse Takeshi Minami, economista-chefe do Norinchukin Research Institute.

"Se os problemas da Europa começarem a prejudicar e reduzir a recuperação, há risco de que o Japão retorne aos grandes gastos."

Em sinal de que a recuperação continua frágil, a concessão de crédito no país registrou a maior queda anual em quase cinco anos em maio, com as empresas ainda relutantes para aumentar os gastos de capital.

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Kan também disse que está ciente da opinião de que o iene fraco é bom para a economia japonesa, amplamente induzida pelas exportações, mas ele não fez comentários mais específicos.

Kan manteve 11 ministros do gabinete de Hatoyama, incluindo o ministro das Relações Exteriores, Katsuya Okada. O ministro precisa ajudar a administrar os laços com Washington, já que o acordo para manter a base área dos Estados Unidos na ilha de Okinawa -- feito em meio a controvérsias nos últimos dias de Hatoyama no poder -- enfrenta forte oposição dos moradores locais.

Kan disse em coletiva de imprensa que os laços do Japão com os EUA continuarão sendo o núcleo da diplomacia japonesa e que ele honrará o acordo bilateral ao mesmo tempo que tentará reduzir o fardo sobre Okinawa, anfitriã relutante para cerca de metade das forças norte-americanas no país.

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