Os Estados Unidos ainda têm muito trabalho pela frente para reparar os danos no valor de US$ 60 bilhões provocados há um ano pela passagem do furacão Sandy, enquanto buscam meios de se proteger melhor de novos desastres meteorológicos. O Sandy, um dos furacões mais caros da história americana, arrasou a costa leste do país atingindo 24 Estados, em particular Nova York, Nova Jersey e Connecticut (nordeste), deixando mais de 200 mortos.

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O furacão chegou a Nova York no dia 29 de outubro à noite provocando danos sem precedentes. O sul de Manhattan permaneceu sem energia elétrica durante uma semana e a cidade, uma das capitais financeiras do mundo, ficou paralisada.

O metrô ficou inundado, milhares de voos precisaram ser cancelados e ao menos 650 mil lares ficaram sem energia elétrica, em alguns casos durante semanas. Hospitais e escolas também foram afetados, assim como o fornecimento de combustível devido aos danos nas refinarias.

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Ante a magnitude do desastre, o Congresso americano aprovou um pacote de ajuda de 60 bilhões de dólares, mas a burocracia, os atrasos e questões vinculadas aos seguros dificultaram a chegada deste dinheiro às muitas vítimas.

Embora a resposta tenha sido em parte boa, em alguns segmentos é patética, segundo Steven Cohen, professor de administração pública da Universidade de Columbia, em Nova York. "A melhor parte foi a resposta de emergência, a proteção das pessoas e o restabelecimento do sistema de metrô da cidade de Nova York o mais rápido possível", indicou. "A pior parte foi a burocracia e a política que cerca a reconstrução, o fato de que levou meses para que o pacote de ajuda fosse aprovado pelo Congresso", acrescentou.

Cohen pediu um aumento dos impostos, por exemplo, na gasolina, para criar um fundo que possa ser utilizado para este tipo de catástrofes naturais, cuja recorrência é cada vez maior. "Vamos ver tempestades mais fortes, um nível do mar mais alto e temos que encontrar maneiras de absorver a água", disse.

Nova York

"Estamos reconstruindo uma Nova York mais forte e mais inteligente. Seremos mais resistentes a uma ampla gama de inclemências do tempo no futuro", disse Bloomberg sobre o plano aprovado, a um custo de US$ 20 bilhões, para as áreas mais vulneráveis, como Staten Island, Rockaways e Coney Island que ficaram sob a água.O plano, divulgado em junho, contém 257 iniciativas para enfrentar as mudanças climáticas que foram amparadas por recomendações de cientistas para proteger a cidade e seus moradores.

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Bloomberg destacou que 73% das recomendações de curto prazo já foram completadas ou estão perto do fim.O governador de Nova York, Andrew Cuomo, anunciou na segunda-feira a aprovação de um protocolo que será iniciado em casos de emergências por desastres e que as companhias de seguros devem seguir para facilitar o processo de reivindicações.

Muitos donos de imóveis enfrentaram problemas com as companhias de seguro, e por isso ainda não puderam reparar ou reconstruir suas propriedades.

Em Oakwood Beach, Staten Island (sul de Nova York), que sofreu danos terríveis e onde três pessoas morreram em uma mesma rua, os vizinhos decidiram vender suas casas ao Estado, que converterá a área em uma zona de amortecimento para proteger melhor o interior da ilha.

Joe Tirone, um porta-voz da comunidade, declarou à AFP que 184 de 185 proprietários aceitaram a proposta do Estado de Nova York de comprar suas casas no valor anterior ao Sandy, com mais 10% de incentivo. "Há muito poucos aluguéis, as pessoas viveram aqui por décadas", indicou, ao se referir a uma das condições do programa, projetado para beneficiar as pessoas do bairro, e não investidores imobiliários.

Mas nem todos querem se mudar, e nem todos recebem ofertas tão atrativas.Em Midland Avenue, não muito longe de Oakwood Beach, o terreno onde se erguia a casa de Aiman Youssef está ocupado há meses por uma grande tenda e é a sede de um centro de ajuda criado por este homem pouco depois do furacão.

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Youssef, um sírio de 43 anos, não apenas perdeu sua casa, onde vivia junto a sua mãe e seu sobrinho, mas também o negócio de eletrônica que funcionava nela, e há dez meses se aloja em um hotel próximo pago com fundos governamentais. "Antes do Sandy este era um bairro de classe média. Agora é pobre", declarou.

Nova Jersey

Já o governador Chris Christie destacou a continuidade dos esforços de recuperação em Nova Jersey, onde muitos moradores ainda tentam se recuperar das perdas e refazer suas vidas. "Fizemos o perfeito? Não, mas fizemos bem", disse o governador durante a viagem que realiza pelas áreas litorâneas afetadas.

"Ainda temos muita gente que está frustrada, que não voltou a seus lares e minha missão é permitir o retorno de toda gente a suas casas", reforçou Christie em uma entrevista à emissora CBS, quando reconheceu que "ainda há muito trabalho por fazer".