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| Foto: YASUYOSHI CHIBA/AFP

A Câmara dos Deputados aprovou o impeachment para destituir o chefe do Executivo, mas, semanas depois, o Senado concedeu a absolvição. Isso aconteceu com o ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton, que enfrentou um processo de impedimento por causa do escândalo envolvendo a estagiária Monica Lewinsky no fim dos anos 1990.

No processo de impeachment de Dilma Rousseff, o Senado também dará a palavra final. Tal qual no caso norte-americano, a base aliada também critica o que considera desproporção da pena em relação ao ato praticado.

Mas há duas grandes diferenças que distanciam o episódio de Clinton com o atual processo de impeachment de Dilma. Uma delas é o cenário político-econômico. Clinton tinha a economia a seu favor e apoio de quase metade do Legislativo. O Brasil hoje vive uma recessão econômica e conta com o apoio oficial de cerca de 30% dos votos de deputados e senadores.

Além disso, nos Estados Unidos, o presidente só é afastado no fim do julgamento pelo Senado. No Brasil, uma comissão especial formada por 21 senadores decidirá pela admissibilidade do processo; em caso positivo, Dilma será afastada por 180 dias.

Em 1998, Bill Clinton, que também estava no segundo mandato após ser reeleito, foi acusado de cometer quatro infrações: perjúrio, obstrução de Justiça e abuso de poder no caso Monica Lewinsky. No começo daquele ano, ele havia afirmado que não teve relações sexuais com ela. Em agosto, após vir à tona outra denúncia de assédio sexual sofrido por Paula Jones, o presidente norte-americano reconheceu que manteve um relacionamento com Monica que não foi apropriado.

Em setembro, a Câmara dos Deputados dos Estados Unidos recebeu 36 caixas de arquivo com a denúncia feita pelo promotor independente Kenneth Starr. Em dezembro, a Comissão de Justiça da Casa recomendou a abertura de processo contra o presidente democrata pelas quatro infrações. Em 19 de dezembro, o plenário aprovou dois artigos de impeachment, de perjúrio e obstrução da Justiça.

A votação, porém, não provocou danos à imagem de Clinton, pelo contrário. Uma pesquisa da rede NBC mostrou que 72% dos americanos apoiavam a atuação do presidente, índice cinco pontos acima do observado antes do impeachment ser aprovado. A votação coincidiu com a operação militar Raposa do Deserto, no Iraque, a maior ofensiva na região desde a Guerra do Golfo (1991).

O processo contra Clinton começou a tramitar no Senado em 7 de janeiro de 1999, comandado pelo presidente da Suprema Corte. Houve a fase do posicionamento da acusação e da defesa, da produção e análise de provas. Enquanto isso, Clinton governava normalmente, com respaldo popular e do seu vice, Al Gore, do mesmo partido, Democrata. Para ser aprovado, o impeachment precisava ser aprovado por 67 dos 100 senadores – ou 2/3, tal qual no Brasil. Em 12 de fevereiro, o Senado derrubou os dois pedidos de impeachment de Clinton. Os opositores reclamaram de que não tiveram tempo hábil para provar as acusações, já que a opinião pública pressionava para que o processo fosse encerrado rapidamente.

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