NOVIDADE| Foto: Mauro Campos

Jordânia – Estudos de entidades internacionais apontam que o Mar Morto pode desaparecer até 2050. Admirado por Cleópatra na Antiguidade, cenário bíblico e hoje centro de turismo, o mar sofre redução do nível de água de até um metro por ano desde o início da década. Nos últimos 40 anos, já perdeu um terço de sua superfície.

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Para evitar uma catástrofe ambiental, os governos da região e o Banco Mundial tentam fechar a um acordo para a construção de um canal de 180 quilômetros que traria água do Mar Vermelho, mas precisará superar barreiras políticas e de ativistas ambientais.

Com 80 quilômetros, o mar é na realidade um lago de água salgada que divide a Jordânia e a Cisjordânia, ocupada por Israel. Por causa do grau de salinidade seis vezes maior que a média dos oceanos, nenhum peixe ou vegetação sobrevive nele e turistas podem boiar sobre a água sem nenhum esforço. O lago ocupa a maior depressão do mundo, a mais de 400 metros abaixo do nível do mar. Sua água e seu barro são ricos em sais que permitem curar certas doenças de pele.

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O principal motivo da redução de nível é o uso da água do Rio Jordão – que o alimenta – para mineração, irrigação agrícola e de campos de golfe em pleno deserto. Em 1930, 1,3 bilhão de metros cúbicos de água desembocavam por ano. Hoje, são 400 milhões.

"O equilíbrio entre a evaporação e o quanto de água o alimenta foi modificado por causa das atividades humanas", explica Michel Jarraud, da Organização Meteorológica Mundial, braço das Nações Unidas (ONU). "E as mudanças climáticas estão acelerando a evaporação."

A mera análise do impacto ambiental do projeto de ligação com o Mar Vermelho custará ao Banco Mundial US$ 2 milhões. O canal sairia do Golfo de Ácaba e atravessaria o Vale de Arava ao custo de US$ 5 bilhões. O canal serviria ainda para abastecer Israel, Jordânia e Palestina com água.

Há duas semanas, o banco promoveu audiências públicas sobre o projeto. A discordância ficou clara. Para jordanianos, Israel quer desviar as águas do rio para irrigar seus cultivos. Além do impacto ambiental, o turismo seria afetado. Do lado da Jordânia, hotéis estão sendo construídos à beira-mar – 1 milhão de pessoas visitam a região por ano.

Israel já sofre com as alterações. Na semana passada, o ministro do Turismo alertou o parlamento que, em dois anos, seis hotéis poderão ter de ser evacuados, ao custo de US$ 1 bilhão. O uso incorreto da água poderá causar um desnível que inundaria a costa sul.

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