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Numa revanche da eleição complementar de 2023, o atual presidente do Equador, Daniel Noboa, e a esquerdista Luisa González se enfrentarão neste domingo (13) no segundo turno da eleição presidencial.
No primeiro turno, realizado em fevereiro, o conservador ficou à frente de González por 0,17 ponto percentual, o que torna imprevisível o resultado da segunda votação.
No seu menos de um ano e meio de gestão, Noboa teve como sua principal plataforma o enfrentamento às gangues que tornaram o Equador um dos países mais violentos do mundo, enquanto a aliada do ex-presidente Rafael Correa (2007-2017), que liderou um dos governos bolivarianos da América Latina, prega uma agenda parecida com a do seu padrinho político.
Confira alguns dos temas mais importantes que estarão em jogo nas urnas neste domingo no Equador:
Segurança
No seu primeiro mandato, Noboa decretou estados de exceção e conseguiu aprovar numa consulta popular propostas para combate à criminalidade, como a participação das Forças Armadas em apoio à polícia na luta contra o crime organizado e o aumento das penas para crimes como terrorismo e seu financiamento, tráfico de pessoas, entre outros.
Também anunciou a construção de presídios de segurança máxima no “estilo Bukele” e deu “indulto” preventivo a policiais e militares mobilizados para debelar uma disputa de gangues na região de Guayaquil.
Em 2024, a taxa de homicídios no Equador foi de 38 por 100 mil habitantes, uma das mais altas do mundo, mas abaixo do índice de 47 de 2023.
Após o primeiro turno, Noboa disse que gangues fizeram ameaças para conseguir votos para González, o que foi negado pela esquerdista.
Entre as propostas da correísta para a segurança pública, estão restaurar o Ministério Coordenador da Segurança e o Ministério da Justiça, Direitos Humanos e Religião e o uso de inteligência artificial para modernizar o sistema de segurança integrado do Equador.
Crise energética
O Equador passou por uma grande crise de fornecimento de energia em 2024, na qual ocorreram apagões de várias horas e cortes programados.
Noboa atribuiu a crise a “sabotagens”, às mudanças climáticas e aos baixos níveis dos reservatórios, e seu plano de governo fala em implementar “ações para garantir a continuidade do serviço, bem como promover projetos que visem uma energia mais sustentável e amiga do ambiente”, por meio de investimentos públicos e privados e parcerias entre Estado e empresas.
González defende a expansão de projetos de energia solar, eólica, hidrelétrica e outras fontes renováveis e “recuperar a gestão pública” das usinas hidrelétricas do Equador.
Relações com os EUA
Noboa quer que o Equador se aproxime mais do governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com quem se encontrou recentemente, e se disse “aberto” à instalação de bases militares internacionais no país.
“Eles [Estados Unidos] vão ajudar a patrulhar não só o tráfico de drogas, mas também as questões de pesca ilegal que tanto nos afetam”, disse Noboa, em entrevista à rádio Sucesos.
Já González sinalizou uma volta às relações exteriores bolivarianas, ao propor no seu plano de governo “uma política externa soberana”, com parcerias com governos de esquerda da América Latina e integração em fóruns regionais como a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).
Relações com a Venezuela
O Equador está rompido com o regime de Nicolás Maduro: em abril do ano passado, o ditador chavista determinou o fechamento da embaixada e dos consulados da Venezuela no país vizinho, em resposta a uma operação da polícia equatoriana na Embaixada do México em Quito na qual foi preso Jorge Glas, ex-vice-presidente na gestão Correa condenado por corrupção.
O atrito foi intensificado pela decisão de Noboa de reconhecer o oposicionista Edmundo González como vencedor da eleição presidencial da Venezuela em julho.
Em debate no mês passado, Noboa provocou Luisa González, ao perguntar se ela reconheceria Maduro como presidente da Venezuela. A esquerdista desconversou a princípio, mas depois disse a Noboa que precisava “reconhecer o governo de Nicolás Maduro para poder deportar os venezuelanos que você permitiu que entrassem no meu país ilegalmente e de forma desordeira”.
Em resposta, Noboa afirmou que sua gestão “nunca” reconhecerá “um governo ditatorial e totalitário”. “Há aqui um contraste muito claro: totalitarismo ou democracia. Liberdade ou um regime ditatorial semelhante ao de Maduro”, disse o presidente.