Obama deixa coletiva de imprensa na qual apelou aos republicanos para encerrar paralisação| Foto: Kevin Lamarque/Reuters

Oposição

Republicano se mostra desapontado com a recusa do governo em negociar

O presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, o republicano John Boehner, se disse ontem desapontado com a recusa do presidente Barack Obama em negociar uma solução para o impasse fiscal no Congresso. A impossibilidade de democratas e republicanos de chegarem a um acordo mantém o governo paralisado há oito dias e ameaça levar o país a declarar default [calote], se o teto da dívida não for elevado a tempo.

"Eu concordo com o presidente, nós precisamos pagar nossas contas, mas estou desapontado com a recusa dele em negociar", disse Boehner. "Não podemos elevar o teto da dívida sem resolver gastos com dinheiro que nós não temos", acrescentou. Segundo ele, o processo de negociação é positivo para o país e já levou a mudanças frutíferas na política fiscal.

Boehner disse ainda acreditar que Obama vai sancionar projetos isolados da Câmara para financiar agências específicas da administração federal, mesmo após o presidente ter dito poucas horas antes que não vai aceitar essa estratégia de "fatiar" o Orçamento. O líder republicano deixou claro que "não haverá uma rendição incondicional" por parte de seus correligionários.

Negociações

Horas antes do pronunciamento de Obama, Boehner reuniu a imprensa após uma reunião com deputados republicanos para afirmar a disposição do partido em negociar. Ele argumentou que são os democratas que não aceitam sentar à mesa de negociação.

Em seguida, o líder democrata no Senado, Harry Reid, respondeu que os democratas estão prontos a negociar os gastos do setor público assim que os republicanos concordarem em reabrir o governo e aumentar o teto da dívida pública.

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Boehner se disse desapontado com a posição do governo
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O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, buscou aumentar a pressão sobre o Congresso para encerrar a paralisação parcial do governo do país. Em entrevista coletiva concedida ontem – oitavo dia de paralisação –, Obama alertou que a falta de ação dos parlamentares pode criar "o risco significativo de uma recessão muito profunda".

Ele disse não ter problemas para conversar com os republicanos, mas somente após eles aprovarem um projeto para financiar o governo e elevar o teto da dívida. "Eu disse a John Boehner [presidente da Câmara dos Representantes e líder republicano] que as negociações não devem ser acompanhadas de ameaças de paralisação, caos econômico e default [calote]", disse Obama.

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Obama quer projetos "limpos" sem condições republicanas atreladas e por isso criticou o partido adversário por tentar conseguir "um resgate" para reabrir o governo e elevar o teto da dívida. Ele afirmou, porém, que o governo está disposto a aceitar um projeto de financiamento nos níveis atuais, mesmo que de curto prazo.

O presidente também lembrou que, somente nesta semana, já perdeu encontros críticos na Ásia. Segundo Obama, os democratas já negociaram questões orçamentárias com os republicanos por 19 vezes.

Obama minimizou os comentários de que os EUA não entrariam tecnicamente em default se o Congresso não elevar o teto da dívida. "A decisão de permitir um default, segundo muitos CEOs e economistas, seria insana, catastrófica, caótica – e essas são palavras educadas", disse.

Sem opção

O presidente lembrou que não há opção boa no caso de um default e que deixar de pagar qualquer obrigação afetaria a credibilidade do país. "Minha mensagem para o mundo é de que os EUA sempre pagaram suas contas e vão continuar assim", afirmou, acrescentando que o Tesouro está explorando todos os planos de contingência.

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Obama disse ainda que o secretário do Tesouro norte-americano, Jacob Lew, dará mais detalhes sobre o assunto amanhã, quando está previsto seu depoimento ao Senado. O líder da maioria democrata no Senado, Harry Reid, apresentaria ainda ontem um projeto de lei para elevar o teto da dívida.

60 votos são necessários para que seja aprovado o projeto dos democratas que eleva o teto da dívida. No entanto, o partido do presidente Barack Obama tem 54 senadores na casa. A proposta que seria apresentada ainda ontem no Senado estende a autorização do governo para financiamento do país até 2014, após as eleições de meio de mandato do próximo ano.