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Diplomacia

Obama critica censura à internet na China

Obama durante encontro com estudantes chineses, em Xangai: plateia escolhida pelas autoridades | Jason Reed/Reuters
Obama durante encontro com estudantes chineses, em Xangai: plateia escolhida pelas autoridades (Foto: Jason Reed/Reuters)

Pequim - O presidente americano, Ba­­rack Obama, criticou a censura contra a internet na China em encontro ontem à tarde com 200 universitários em Xangai.

No único evento aberto em sua visita de três dias, a primeira à China, ele disse não temer a ascensão do país asiático. "A Chi­­na é bem-vinda como um membro forte e próspero na co­­mu­­nidade das nações’’, disse. "Es­­tados e China não precisam ser adversários", acrescentou.

O governo dos EUA queria mil estudantes na plateia e transmissão ao vivo para todo o país. Os membros da audiência mais en­­xuta foram escolhidos pelas au­­toridades chinesas, e as perguntas evitaram temas polêmicos.

Vários jovens presentes, de terno e gravata, são membros da Liga da Juventude Comunista, braço do partido.

O encontro foi transmitido apenas em Xangai, por um ca­­nal de televisão local, além do site da Casa Branca. Nele, Oba­­ma disse que "o fluxo livre de in­­formação fortalece a sociedade’’ e que "quanto mais ideias houver, mais dinâmica fica a so­­ciedade, é uma fonte de força que deve ser encorajada’’.

"Defendo a abertura e sou contra a censura, o que é uma tradição nos EUA’’, disse. A de­­claração ficou poucos minutos nos portais chineses, até ser substituída por declarações mais amenas. Cen­­tenas de blogs e sites como Face­­book, Twitter e Youtube são bloqueados no país.

Apesar de apresentado como uma tentativa de Obama de chegar à opinião pública chinesa, o evento frustrou quem esperava um debate franco sobre a relação bilateral.

Na maior parte do tempo, os dois lados foram vagos. Estu­­dantes perguntaram se ele levaria a família à Exposição Univer­­sal de Xangai, que acontece no ano que vem e o que ele estudou para se tornar um premiado com o Nobel da Paz.

Ao abordar os direitos humanos, Obama falou de opressão feminina e respeito à infância, temas que passam ao largo das denúncias concretas de repressão contra budistas no Tibete e mu­­çulmanos em Xinjiang e contra dissidentes políticos em todo o país. Dezenas de ativistas e religiosos estão em prisão domiciliar durante a visita do líder americano para evitar protestos.

100 mil estudantes

Obama também anunciou que os EUA aumentarão para 100 mil o número de estudantes norte-americanos na China para aprender o idioma e a cultura.

"Os jovens são nossos melhores embaixadores’’, afirmou ele, sem dizer se patrocinará um novo programa de bolsas. Atualmente, são 20 mil norte-americanos estudando no país.

À tarde, ele voou para Pe­­quim, onde jantou com o presidente chinês, Hu Jintao. Hoje, Obama se encontra novamente com Hu e com o primeiro-mi­­nistro Wen Jiabao e deve dis cutir o desequilíbrio econômico entre as duas na­­ções, sanções aos programas nu­­cleares de Coreia do Norte e Ir㠖 aliados chineses – e o combate ao aque­­cimento global.

A China é o maior credor dos Estados Unidos, com US$ 1,4 trilhão em moeda e títulos do Te­­souro americano.

O comércio bi­­lateral en­­tre os dois países supera os US$ 400 bi­­lhões por ano – a China tem su­­perávit de US$ 275 bi­­lhões com os americanos.

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