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Aliados

Polônia teme retorno da insegurança

Agência Estado

Varsóvia - A decisão dos EUA de suspenderem a instalação do seu planejado escudo antimísseis na Europa Central reviveu os temores da Polônia de que o país é novamente um aliado de segunda classe de Washington, cujos interesses ficam atrás das vontades da Rússia.

"A medida do presidente Barack Obama sugere que os EUA estão colocando uma ênfase maior nas boas relações com a Rússia e estão prontos a sacrificar os interesses dos países da Europa central", disse Zbigniew Lewicki, professor de estudos americanos na Universidade de Varsóvia.

A Polônia, que se destacou do campo soviético em 1989 e se juntou à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) dez anos depois, esperava que a instalação de dez mísseis interceptadores e de soldados norte-americanos em seu território iria melhorar a sua segurança.

Otan

Os temores da Polônia não ecoaram no resto da Europa.

O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Anders Fogh Rasmussen, e líderes europeus elogiaram a decisão norte-americana, qualificando a medida como um passo para a melhora das relações com a Rússia e com o Irã.

Ao desembarcar em Bruxelas para uma reunião de líderes europeus, a chanceler alemã, Angela Merkel, qualificou a decisão como "um sinal de esperança de que se superem as dificuldades com a Rússia no que diz respeito à estratégia comum para fazer frente à ameaça representada pelo Irã.

O primeiro-ministro da República Tcheca, Jan Fischer, disse estar "seguro" de que o anúncio norte-americano terá impacto positivo nas relações com Moscou.

      Washington - O presidente Barack Obama re­­jeitou ontem os planos de seu an­­tecessor George W. Bush de instalar um escudo antimísseis na Po­­lônia e na República Tcheca. Em vez disso, o governo norte-americano vai usar um novo sistema de defesa flexível, destinado a interceptar mísseis de curto e médio alcance do Irã.

      A decisão é a maior mudança de rumo na política de defesa dos EUA desde que Obama tomou posse, em janeiro. O plano anterior previa a instalação de um sofisticado sistema de radares na República Tcheca e dez interceptadores na Polônia.

      A Rússia era grande opositora desse plano. Moscou afirmava que o radar poderia ser usado pa­­ra vigiar grande parte de seu território e alegava que os interceptadores eram uma ameaça à sua segurança nacional, já que estariam dentro de sua "esfera de influência".

      Já a Polônia e a República Tche­­ca fizeram do sistema antimísseis bandeiras nacionais, e viam a presença militar americana como potencial proteção contra um possível expansionismo russo.

      O novo sistema usará mísseis SM-3, menores, posicionados em navios, de onde podem ser disparados para deter mísseis vindos do Irã. Posteriormente, os SM-3 ficarão em terra, em países da Europa – provavelmente no sul ou na Turquia, mas pode até ser na Polônia.

      Além disso, os EUA não mais instalarão o radar avançado na República Tcheca, grande preocupação da Rússia, mas sim um radar unidirecional no Cáucaso, voltado para o Irã.

      "O presidente Bush estava certo ao determinar que o programa de mísseis balísticos do Irã constitui uma ameaça significativa", disse Obama na Casa Branca. Mas, segundo Obama, novos relatórios de inteligência mostraram que a principal ameaça agora vem de mísseis de curto e médio alcance do Irã, e não de longo. E por isso o plano do escudo precisou ser reavaliado.

      Integrantes do governo tentaram assegurar que não se trata de abandonar o plano de defesa antimísseis na Europa. "Quem diz que nós estamos descartando o sistema antimísseis na Europa está mal informado ou distorcendo a realidade", disse o secretário de Defesa, Robert Gates.

      A Casa Branca também enviou oficiais à Varsóvia e Praga para explicar a decisão e acalmar as coisas. A data do anúncio foi infeliz – coincide o 70.º aniversário da invasão da Polônia pela Ale­­manha nazista.

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