Comício de Barack Obama em Denver (Colorado) atraiu ontem mais de 100 mil pessoas| Foto: Joe Readle/AFP

Retrições ao voto ameaçam democratas

Exigências de documentação com foto para votar, dificuldades de registro eleitoral e regras sobre passado criminal vêm restringindo o direito de voto de milhões de potenciais eleitores nos EUA, em ações que poderão influenciar a escolha entre o democrata Barack Obama e o republicano John McCain como próximo ocupante da Casa Branca, em 4 de novembro.

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Denver - Na reta final da corrida presidencial norte-americana, John McCain e Barack Obama passaram o fim de semana cruzando os estados do Meio-Oeste em busca do voto dos indecisos. O foco dos candidatos em Colorado, Nevada e Novo México sublinha a mudança no mapa eleitoral nesta campanha.

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Juntos, os estados somam 19 dos 270 votos necessários no Colégio Eleitoral para conquistar a Presidência (a eleição é indireta nos EUA) e podem amenizar uma derrota de McCain, por exemplo, em estados de maior peso, como Flórida, que tem 27 votos, ou Ohio, com 20.

O republicano enfrenta uma questão urgente, como ele mesmo admitiu, diante de uma platéia de cerca de mil pessoas, em um evento no sábado em Albuquerque, Novo México: "A dez dias da votação, estamos alguns pontos atrás nas pesquisas e os analistas já nos descartaram’’.

Segundo a média de pesquisas nacionais compilada pelo site Real Clear Politics, Obama tem uma vantagem de 7,6 pontos porcentuais sobre o adversário, com 50,4% a 42,8%.

Ainda assim, o democrata segue fazendo campanha intensamente. Cerca de 12 horas depois da passagem do republicano por Albuquerque, Obama esteve na cidade, onde participou de um encontro na Universidade do Novo México e lembrou que os resultados, apesar de sua aparente vantagem, não estão selados. "A mudança nunca vem sem luta’’, disse.

Ontem, ele esteve no Colorado, estado sem preferência partidária clara onde as pesquisas o favorecem. Com mais votos consolidados no Colégio Eleitoral, Obama pode se dar ao luxo de dedicar mais tempo ao sudoeste – Nevada foi palco de seus comícios anteriores.

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Comício

Mais de 100 mil pessoas compareceram ontem ao comício de Obama em Denver, onde voltou a ligar McCain à política econômica fracassada do presidente George W. Bush. Obama disse que exatamente "esta manhã, o senador McCain afirmou que ele e o presidente Bush compartilham uma filosofia comum".

"Acredito que este foi John McCain nos brindando, finalmente, com um discurso sincero, reconhecendo o fato de que ele e George Bush têm muito em comum". "Sabemos com o que se parece a filosofia Bush-McCain. É uma filosofia que diz para dar mais aos milionários e multimilionários e esperar que isto pingue em todos os demais", disse Obama.

Em uma entrevista ontem no programa "Meet the Press", da rede de tevê NBC, McCain disse que durante algum tempo teve divergências importantes com Bush sobre questões como aquecimento global e gastos do governo, mas que os dois "compartilham uma filosofia comum do Partido Republicano".

Atenção à América Latina

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Obama e McCain prometeram devolver à América Latina o lugar de uma região preferencial, se chegarem à Casa Branca, mas a incerteza econômica não os ajudará, afirmam analistas. O fato é que a América Latina não esteve muito presente na campanha presidencial, que se concentrou na crise econômica e nos desafios militares que os EUA ainda têm pela frente.

Assim como nos demais temas, McCain e Obama mostraram pontos de vista substancialmente diferentes sobre os tratados de livre-comércio, sobre as relações com a Venezuela, ou sobre a luta antidrogas.

O momento em que a América Latina ocupou mais tempo nos debates entre Obama e McCain foi no último encontro de ambos, transmitido pela tevê, em 15 de outubro. "O senador Obama, que nunca viajou ao sul da nossa fronteira, opõe-se ao acordo de livre-comércio com a Colômbia (...) nosso melhor aliado na região", criticou McCain, que visitou várias vezes esse país caribenho e o México. "Acredito no livre-comércio, mas acredito que, por muito tempo, certamente durante o curso da administração (de George W.) Bush, com o apoio do senador McCain, a atitude foi de que qualquer acordo é um bom acordo comercial", rebateu Obama.

Obama, que surgiu da ala mais à esquerda de seu partido, aposta no aumento da ajuda bilateral para que a economia mexicana melhore e não se mostra muito convencido dos efeitos do Plano Colômbia, nem do Plano Mérida antidrogas. Fiel a seu histórico de duro, mas independente, McCain diz ser muito mais próximo da América Latina, começando por sua circunscrição eleitoral, o estado do Arizona (sul).

Ainda assim, o senador republicano não teve dúvidas em declarar, no México, que são necessários mais muros fronteiriços. Nos temas migratórios, Obama e McCain se mostram excepcionalmente de acordo: ambos cooperaram para tentar levar adiante um novo programa de regularização dos imigrantes ilegais nos EUA em 2007. A idéia fracassou no Congresso.

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