Tanques turcos se posicionam na fronteira com a Síria, onde militantes do Estado Islâmico intensificaram as ações| Foto: Fotos: Murad Sezer/Reuters

Retaliação

Grupo ligado à rede Al-Qaeda promete atacar o Ocidente

Reuters

O líder do braço sírio da Al-Qaeda, a Frente Nusra, um grupo militante sunita rival do Estado Islâmico e que também tem sido alvo de ataques dos Estados Unidos, disse que os militantes islâmicos vão realizar ataques contra o Ocidente em retaliação à campanha. "Os muçulmanos não vão ficar assistindo enquanto seus filhos são bombardeados. Seus líderes não serão os únicos a pagar o preço da guerra. Vocês vão pagar o preço mais alto", disse Abu Mohamad al-Golani em uma mensagem de áudio postada em fóruns pró-Nusra.

Tanques turcos tomaram posição na fronteira com a Síria, do outro lado de uma cidade de fronteira sitiada onde os ataques do Estado Islâmico se intensificaram, resultando em disparos sobre o território turco. Os ataques aéreos liderados pelos EUA durante a noite atingiram uma usina de produção de gás natural controlada por combatentes do Estado Islâmico no leste da Síria, disse um grupo de monitoramento, como parte de uma aparente campanha para afetar umas das principais fontes de receita dos militantes.

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Refugiados sírios são transportados para a Turquia: total de pessoas que atravessaram a fronteira passa de 150 mil
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O presidente americano, Barack Obama, reconheceu que as agências de inteligência americanas subestimaram a ameaça de grupos extremistas. Em uma entrevista transmitida no domingo no programa 60 minutos, do canal de televisão CBS, Obama concordou com as afirmações do diretor nacional de inteligência, James Clapper, de que os EUA "subestimaram o que estava acontecendo na Síria".

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O presidente também disse que era "absolutamente verdade" que o país superestimou a habilidade e o poder de luta do Exército Iraquiano. De acordo com Obama, durante a guerra no Iraque, as forças militares americanas junto com as tribos sunitas iraquianas conseguiam suprimir todos os militantes da Al-Qaeda. "Durante o caos da guerra civil na Síria, onde essencialmente você tem enormes faixas do país que estão completamente desgovernadas, eles foram capazes de se reconstruírem e tirarem vantagem do caos", afirmou.

O senador John McCain, que perdeu a eleição presidencial para Obama em 2008, disse ontem em entrevista à rede CNN que a administração calculou mal a necessidade dos EUA manterem uma parte das forças militares no Iraque após o fim da guerra. Os EUA e o governo do então primeiro-ministro iraquiano, Nouri Al-Maliki, não chegaram a um acordo na época.

Contradição

Obama também admitiu que a campanha militar liderada pelos EUA contra o grupo extremista Estado Islâmico e afiliados da Al-Qaeda na Síria está ajudando o presidente sírio Bashar al-Assad, acusado pelos EUA de crimes de guerra. "Reconheço a contradição", disse. "Não vamos tornar a Síria estável sob o comando de Assad", cujo governo cometeu "terríveis atrocidades", declarou.

Ainda assim, Obama afirmou que não teve escolha a não ser ordenar bombardeios aéreos contra o Estado Islâmico e o grupo Khorasan, inimigos de Assad, porque "essas pessoas poderiam matar americanos". Segundo Obama, a prioridade agora é combater os extremistas que ameaçam o Iraque e o Ocidente. O presidente norte-americano deixou claro que não tem intenção de aumentar a presença em terra além dos 1,6 mil conselheiros americanos e tropas de operação especial que estão no país.

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Militantes se aproximam de área curda

Estadão Conteúdo

Militantes do grupo extremista Estado Islâmico estavam próximos de uma área curda na Síria, na fronteira com a Turquia. O avanço não era previsto pela coalizão de bombardeios aéreos liderada pelos EUA. Combatentes do Estado Islâmico ocuparam a cidade de Kobani com morteiros e artilharia, avançando cinco quilômetros da cidade fronteiriça curda, de acordo com o Observatório Sírio de Direitos Humanos. A pressão do grupo extremista levou milhares de curdos a deixarem ontem a área de Kobani, somando-se a cerca de 150 mil refugiados que foram para a Turquia em meados de setembro, um dos maiores fluxos de sírios desde que a guerra civil começou, há três anos. Os curdos temem, particularmente, que os militantes repitam as mortes em massa de homens e o sequestro de mulheres que aconteceram no Iraque em agosto, depois que combatentes do Estado Islâmico ocuparam vilarejos dominados por iraquianos da minoria yazidi.