Enviado especial da OEA, John Biehl, entra em hotel de honduras| Foto: Reuters

O governo de facto de Honduras e o presidente deposto, Manuel Zelaya, aceitaram negociar uma solução para a crise política do país na próxima semana, anunciou nesta sexta-feira o enviado especial da Organização dos Estados Americanos (OEA) ao país, John Biehl.

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"Há boa vontade de ambas as partes para um diálogo", afirmou Biehl. "Que não seja estratégia dilatória de ninguém, mas que sirva para resolver a crise." O emissário informou, porém, que Zelaya e o presidente de facto, Roberto Micheletti, não devem se encontrar pessoalmente.

Seis representantes da OEA desembarcaram nesta sexta-feira em Honduras para averiguar o grau de compromisso dos três principais vértices com a negociação - o governo de facto, Zelaya e a Frente Nacional de Resistência. O secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, e chanceleres de países-membros devem chegar a Tegucigalpa no dia 7 para mediar as negociações.

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"Desde domingo a OEA tenta criar condições para que os chanceleres possam vir", afirmou Victor Rico, secretário de Assuntos Políticos da organização. "O propósito da missão é propiciar o diálogo entre os hondurenhos para restabelecer a ordem constitucional com base no Acordo de San José", completou, referindo-se ao acerto mediado pelo presidente da Costa Rica, Oscar Árias, que prevê a volta de Zelaya à presidência.

Zelaya foi derrubado do poder e expulso de Honduras em 28 de junho, sob acusação de não obedecer a decisões da Corte Suprema que o impediam de realizar uma consulta popular sobre a convocação de uma Assembleia Constituinte. Ele voltou ao país clandestinamente e desde o dia 21 está abrigado na Embaixada do Brasil.

Também nesta sexta-feira quatro congressistas americanos que apoiam o governo de facto chegaram para uma visita a Honduras e reuniram-se com Micheletti. Eles ainda devem visitar Corte Suprema de Justiça, o Congresso Nacional e o Tribunal Supremo Eleitoral e manter encontros com candidatos às eleições presidenciais.

A missão, liderada pelo senador republicano Jim DeMint, tem claro objetivo de político interna americana: os senadores pretendem reforçar sua contrariedade à condenação do presidente Barack Obama ao golpe militar que derrubou Zelaya e às sanções aplicadas contra Honduras.

Em discursos ácidos contra a posição do governo Obama, o senador DeMint defendeu que a saída a crise é a realização de eleições justas e democráticas em 29 de novembro. DeMint costuma referir-se ao presidente hondurenho derrubado como "um ditador ao estilo de Chávez".

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Um dos membros da missão, o deputado Aaron Schock, apresentou um relatório do Serviço de Investigação do Congresso dos EUA segundo o qual a destituição de Zelaya se deu com base na Constituição do país. Essa versão vem sendo veiculada várias vezes ao dia pela Televisão Nacional de Honduras desde a semana passada, como "informe especial" da presidência.

Em resposta à visita dos republicanos, legisladores democratas divulgaram uma carta reiterando que os EUA têm uma posição única sobre a crise hondurenha: "pedir do diálogo entre ambas as partes com o respaldo do acordo de San José."

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