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Líbios enfrentam o mau cheiro para ver o corpo de Kadafi (no centro, entre os corpos de seu filho e de um aliado), já em estado de decomposição em uma câmara fria na cidade de Misrata | Thaier al-Sudani/Reuters
Líbios enfrentam o mau cheiro para ver o corpo de Kadafi (no centro, entre os corpos de seu filho e de um aliado), já em estado de decomposição em uma câmara fria na cidade de Misrata| Foto: Thaier al-Sudani/Reuters

Funeral

Corpo de Kadafi será enterrado hoje em local secreto no deserto

O corpo do ex-ditador líbio Muamar Kadafi será enterrado hoje, em uma cerimônia simples, com a presença de clérigos muçulmanos, e num local secreto no deserto da Líbia, informou ontem o Conselho Nacional de Transição (CNT), órgão político do governo de transição atualmente no poder.

"Nenhum acordo foi alcançado para sua tribo levá-lo", disse um funcionário do CNT.

Mais cedo, uma equipe de tevê informou que os cadáveres de Kadafi, de seu filho Mutassim e de um ex-combatente do Exército foram removidos da câmara frigorífica em Misrata para um local desconhecido.

A equipe visitou ontem o local onde os corpos ficaram expostos para visitação pública durante quatro dias e afirmou que já estava vazio.

Uma fonte líbia em Misrata confirmou que os restos mortais foram removidos, mas se recusou a dizer para onde foram levados ou onde seriam enterrados.

Ontem pela manhã, no entanto, líbios ainda visitavam os restos mortais. Os corpos já apresentavam sinais de decomposição. Os responsáveis pela guarda colocaram sacos plásticos sob os corpos por causa do mau cheiro.

Foram encontrados 53 corpos de vítimas de um massacre num hotel abandonado em Sirte, cidade natal do ditador líbio Muamar Kadafi, de onde ele tentava fugir quando foi morto, na quinta-feira passada.

O anúncio foi feito pela organização de defesa dos direitos hu­­manos Human Rights Watch. A ONG estima que os corpos se­­jam de homens leais ao ditador. Al­­guns tinham as mãos amarradas e, pelo estado dos corpos, supõe-se que o massacre tenha ocorrido há uma semana.

Peter Bouckaert, diretor da ONG na Líbia, afirma que os as­­sassinatos "indicam que alguns dos combatentes rebeldes estão fora do controle do Conselho Na­­cional de Transição (CNT)".

Ele disse estar "bastante surpreso em encontrar tamanho mas­­sacre", afirmou. "Cabe ao CNT to­­mar o controle dos grupos ar­­mados e dar o exemplo de que tais massacres serão investigados."

A violência infringida contra inimigos rendidos ou aprisionados durante um conflito armado é considerada crime de guerra pe­­lo Tribunal Penal Interna­­cio­­nal.

Podem ser punidos "inclusive aqueles que dão as ordens e aqueles em posição de comando que [...] falharam em preveni-los", alertou ontem o Human Rights Watch, em comunicado oficial.

Novo governo

Os novos líderes da Líbia iniciaram ontem a difícil tarefa de formar um governo de unidade in­­terino. "Vamos começar a trabalhar na adoção da Consti­­tui­­ção", afirmou Abdel Hafiz Gho­­ga, vice-presidente do CNT.

O CNT prevê a formação de um governo interino em um mês e eleições para uma As­­sembleia Constituinte dentro de oito meses.

Será a primeira eleição li­­vre no país em mais de quatro décadas. Após a Consti­­tuinte, haverá eleição presidencial dentro de um ano.

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