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Mulher caminha com a filha em praia de Tel Aviv: em quase 40 anos, 57 mil mães foram orientadas pela ONG Efrat | Nir Elias/Reuters
Mulher caminha com a filha em praia de Tel Aviv: em quase 40 anos, 57 mil mães foram orientadas pela ONG Efrat| Foto: Nir Elias/Reuters

1977 foi o ano em que Israel legalizou o aborto. Hoje, o país tem cerca de 40 mil abortos por ano – apenas metade deles é feita de maneira legal com o acompanhamento de médicos especialistas em interrupção de gravidezes.

Indiferença

Na sempre turbulenta sociedade israelense, abalada por intermináveis debates sobre a paz, diferenças sociais e o papel da religião no Estado, o aborto é curiosamente um dos assuntos que menos polêmica desperta.

O número de abortos induzidos em Israel diminuiu de forma drástica desde sua legalização, em 1977, em parte graças às atividades de ONGs que acreditam que apenas a educação – e não as leis – serve como prevenção.

O total de abortos no país é de cerca de 40 mil por ano, dos quais metade é feita de forma legal, com o acompanhamento de médicos especialistas em interrupção de gravidezes, como exigido pela lei.

"As leis não educam, se você quer educar uma sociedade, é preciso dar conhecimento. É preciso mostrar à mulher que dentro dela há um ser vivo e que é possível ajudá-la", disse Eli Schusshiem, médico que lidera a ONG Efrat.

Em 1977, quando Israel tinha 4 milhões de habitantes, a metade de hoje, as estatísticas mostravam mais de 60 mil casos de aborto por ano, um alarmante número que levou Schussheim, filho de sobreviventes do Holocausto, a voltar suas atenções à luta contra esta "perda desnecessária de vidas".

Desde então, e com a ajuda de doadores particulares nos principais países ocidentais, sua organização convenceu 57 mil mães para que não abortassem, em troca de prestar completa ajuda econômica durante os dois primeiros anos de vida do bebê.

A legislação local autoriza o aborto por qualquer razão médica (incluindo as psicológicas) que afete a mãe ou o feto, em casos nos quais a mulher seja menor de 17 anos ou maior de 40 e em gestações ligadas a crimes como estupro ou incesto.

Até meados dos anos 80, também era permitido o aborto por razões econômicas – o que impulsionou em grande medida a atividade de Efrat –, um argumento ainda contemplado pelas mulheres interessadas em abortar, embora não confessem abertamente diante da comissão médica.

"Quando a razão do aborto é realmente médica, damos assessoria e inclusive há casos determinados nos quais recomendamos abortar, mas o certo é que a maioria o faz por razões econômicas", disse a assistente social Ruthy Tidhar, da Efrat.

Médico da Efrat se diz "liberal e feminista"

Estatísticas mostra que até 70% dos casos atendidos pelas ONGs que combatem o aborto são de mulheres casadas, em geral com filhos, e o que as preocupa é a dificuldade econômica.

Centenas de berços, banheiras, pacotes de fraldas, mamadeiras, roupas, brinquedos de bebês e caixas de alimentos de todos os tipos "inundam" o estoque da Efrat embaixo de um edifício do bairro ultraortodoxo de Givat Shaul, na entrada de Jerusalém.

De lá partem todos os meses caminhões de distribuição com tudo o que é necessário para um bebê, em caixas marcadas por sexo que chegam pontualmente à residência da família, uma singular iniciativa que evita estabelecer vínculos entre doadora e receptor.

"Não entramos em valores éticos ou morais, nunca disse a uma mulher para que não aborte, mas como médico devo explicar as consequências de sua decisão e ofereço ajuda", disse o médico Eli Schusshiem, da Efrat.

Pai de cinco filhos e defensor da vida quase como uma missão divina por causa da experiência sofrida por seus pais na Alemanha do período nazista, Schussheim se diz "feminista e liberal".

"Damos para as mulheres o direito de escolher, mas queremos que saibam realmente o que estão fazendo", reiterou, enquanto se queixa que as comissões médicas aprovam 99% dos pedidos sem avaliar seriamente os casos e – o que considera ainda pior – sem oferecer ajuda a quem está disposta a aceitá-la.

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