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Daniel Scioli, candidato do kirchnerismo para a presidência da Argentina. | Marcos Brindicci/Reuters
Daniel Scioli, candidato do kirchnerismo para a presidência da Argentina.| Foto: Marcos Brindicci/Reuters

Em 4 de novembro passado, o ministro do Trabalho argentino, Carlos Tomada (no cargo desde 2003), convocou vários funcionários da pasta para pedir que votem no candidato do kirchnerismo, Daniel Scioli, no próximo domingo (22), e alertar que todos poderiam perder seus empregos caso seja eleito o representante da aliança opositora Mudemos, o atual prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri. Essa foi uma das mais de 200 denúncias que as ONGs Poder Cidadão e Associação Civil pela Igualdade e Justiça (ACIJ) receberam nas últimas semanas, desde que lançaram uma campanha em repúdio aos abusos do Estado para evitar uma derrota do kirchnerismo nas urnas.

A lista em mãos das ONGs representa, na opinião de Alvaro Herrero, da Poder Cidadão, “uma clara violação de várias leis.”

“Nunca vimos um nível de pressão sobre os servidores públicos tão forte. Não é novo, mas a magnitude atual é inédita”, disse Herrero.

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O governo da presidente Cristina Kirchner e seus seguidores não esperavam uma vitória tão apertada de Scioli no primeiro turno (apenas três pontos percentuais de vantagem em relação a Macri) e, muito menos, um risco tão alto de derrota no primeiro segundo turno presidencial da História do país.

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”Vemos um esforço enlouquecido do kirchnerismo para permanecer no poder. Estão obrigando servidores a fazer campanha em horário de trabalho, pressionando beneficiários de programas sociais e ampliando o número de trabalhadores em vários municípios”, contou Herrero.

Segundo ele, em alguns municípios da Grande Buenos Aires o número de funcionários passou de 300 para dois mil em poucas semanas: “Há um duplo objetivo: captar votos e deixar uma bomba-relógio para quem vier, já que as finanças são insustentáveis.”

As denúncias que chegam às ONGs são do tipo “na escola de Arte Dramática de Buenos Aires, a vice-diretora e os professores passaram pelas salas para obrigar os alunos a votar em Scioli, dizendo que, caso contrário, a escola vai fechar”.

“Em outras escolas e universidades públicas, professores e autoridades chegam a dizer que, com Macri, vai acabar a educação gratuita”, comentou Hugo Alconada Mon, secretário de redação do jornal “La Nación”.

Para ele, “no interior do país, onde grande parte da população depende de emprego público, a situação é ainda pior”: Conheço gente que acaba de ser contratada pelo Ministério da Justiça e sequer tem um lugar físico onde trabalhar.

O chamado “assédio eleitoral” nunca tinha sido tão evidente entre os kirchneristas, basicamente, porque nunca estiveram tão perto de perder o poder conquistado em 2003. Na primeira etapa da campanha, surgiram denúncias sobre clientelismo em províncias do Norte, distribuição de alimentos em comunidades carentes. Mas, na opinião da jornalista Silvia Mercado, autora de “O relato peronista”, “o que se vê agora são manobras desesperadas de um governo que ainda acha que pode evitar o naufrágio”.

Scioli nega a existência da campanha do medo e prefere falar em “campanha de consciência”. Mas as denúncias se multiplicam todos os dias.

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