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Washington – Três organizações de direitos humanos denunciaram ontem que cerca de 600 soldados norte-americanos podem ter cometido torturas e abusos contra mais de 460 presos no Iraque, Afeganistão e na base de Guantánamo, em Cuba. Dois dias antes do escândalo das torturas na prisão de Abu Ghraib ( completar dois anos, as organizações Human Rights Watch, Human Rights First e Center for Human Rights and Global Justice reclamaram que só militares não graduados receberam punição.

Ontem, foi publicado um relatório intitulado "By the Numbers", que é a primeira tentativa de contabilizar as centenas de alegações de torturas no Iraque, Afeganistão e Guantánamo, e constatar a reação das autoridades. As principais fontes são documentos divulgados pelo governo dos EUA, entrevistas com testemunhas e vítimas, procedimentos legais realizados em Guantánamo e relatórios de investigação feitos pelo Pentágono.

O documento conclui que o Departamento de Defesa só investigou "adequadamente" metade das alegações de abusos. Dos mais de 600 militares norte-americanos ou civis – como agentes de inteligência e funcionários terceirizados – envolvidos em denúncias de torturas desde 2001, apenas 40 foram condenados e só dez cumprem sentenças de mais de um ano de prisão.

Nenhum oficial foi acusado baseado na doutrina de responsabilidade do comandante, que o torna responsável pelos erros que se conhecia de seus subordinados ou que deveria ter conhecimento, informaram as organizações.

O comandante Jeffrey Gordon, porta-voz do Pentágono, destacou que as forças armadas fizeram "muitas investigações". Os soldados não têm ordens para torturar os detidos, segundo o porta-voz. "As alegações da Human Rights Watch ou de qualquer uma (dessas organizações) são falsas", disse.

Em 28 de abril de 2004, um programa da rede de televisão CBS mostrou as primeiras fotos de corpos nus empilhados, prisioneiros ameaçados com cachorros e outras torturas e humilhações na prisão de Abu Ghraib. Na época, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, prometeu que os responsáveis pagariam por seus atos, embora tenha insistido que os abusos eram obra de "alguns".

"Os dados que reunimos deveriam silenciar de uma vez por todas a afirmação que o abuso dos detidos foi um fenômeno isolado", protestou Elisa Massimino da Human Rights First, em entrevista coletiva. O relatório alega que os abusos foram "generalizados" e que não foram suficientemente punidos.

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