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Equatorianos manifestam apoio à nova de Lei de Comunicação, aprovada pela Assembleia | Cecilia Puebla/EFE
Equatorianos manifestam apoio à nova de Lei de Comunicação, aprovada pela Assembleia| Foto: Cecilia Puebla/EFE

Pressão

Choques com a mídia é uma das marcas do presidente equatoriano

O presidente do Equador, Rafael Correa, tem tido constantes choques com a imprensa desde que chegou ao poder pela primeira vez, seis anos atrás. Ele insistia na urgência de criar um órgão para controlar os meios de comunicação. Certa vez, chegou a classificar os veículos como "assassinos de tinta" e "bestas selvagens", colocando jornalistas dentro da lista de seus principais opositores.

O projeto foi considerado uma vitória para o governo, e sua aprovação não foi menos polêmica. A iniciativa começou a ser debatida em 2009, foi interrompida em 2012, e retomada ontem.

"Nenhum projeto de lei foi tão debatido, tão socializado como o da Lei de Comunicação", disse Mauro Andido, parlamentar da Aliança País que propôs a medida.

Grupos defensores da liberdade de imprensa manifestaram ontem sua preocupação com a nova Lei de Comunicação aprovada pela Assembleia equatoriana. A norma prevê a criação de órgãos de regulamentação da mídia e punições no caso de reportagens e artigos considerados ofensivos. Em um de seus artigos mais polêmicos, cria a figura do linchamento midiático, que poderá ser usado para impedir a publicação de informações que desprestigiem uma pessoa ou empresa ou afetem sua credibilidade.

Para o Comitê de Proteção aos Jornalistas, esse é o sinal mais recente da deterioração da liberdade de imprensa no governo de Rafael Correa.

"A lei não apenas prejudica a capacidade de informar criticamente como ameaça o direito dos cidadãos a serem informados sobre questões sensíveis. Ela transforma em legislação um dos principais objetivos da Presidência de Rafael Correa: amordaçar os críticos do governo", disse Carlos Lauría, coordenador do CPJ para Américas.

Organizações como CPJ, a Anistia Internacional e Repórteres sem Fronteiras (RSF) criticaram a linguagem vaga empregada nos artigos e o que viram como uma tentativa de regular o conteúdo de reportagens. "Uma das principais falhas dessa lei é a criação de um novo mecanismo para regular a mídia e seus sites. Outra é a tentativa de influenciar como o jornalismo é definido e praticado", disse a RSF em comunicado ontem.

O projeto passou por maioria absoluta, após quatro anos de debates. Governistas definiram sua aprovação como um dia histórico, enquanto a oposição o classificou como uma lei de mordaça. A norma cria o Conselho de Regulamentação da Comunicação, integrado em sua maioria por representantes do setor público e que deve controlar conteúdos da mídia relacionados com discriminação e violência.

Esse conselho poderá impor sanções aos veículos que publiquem conteúdos considerados proibidos. As punições – que vão de pedidos públicos de desculpas a multas altas – vão ser aplicadas pela Superintendência de Comunicação, órgão também criado pela lei e cujo titular será indicado pelo Executivo.

Jornais colombianos

Em uma ação sem precedentes, jornais colombianos se uniram e publicaram ontem – antes da votação da Assembleia equatoriana – um mesmo editorial contra o projeto da Lei da Comunicação no Equador, considerado pela Associação Colombiana de Editores de Diários e Meios Informativos como o golpe final contra a liberdade de expressão no país vizinho.

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