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Rahaf Mohammed Alqunum acompanhada de um oficial de migração tailandês (D) e de oficiais da Comissão das Nações Unidas para Refugiados no aeroporto internacional de Bangcoc, Tailândia, em 7 de janeiro | AFP
Rahaf Mohammed Alqunum acompanhada de um oficial de migração tailandês (D) e de oficiais da Comissão das Nações Unidas para Refugiados no aeroporto internacional de Bangcoc, Tailândia, em 7 de janeiro| Foto: AFP

A agência de refugiados das Nações Unidas assumiu a custódia de uma jovem saudita de 18 anos que disse estar fugindo de sua família por causa de abusos, permitindo que ela permaneça na Tailândia até que receba asilo em outro país.

Rahaf Mohammed Alqunun, cuja situação se tornou viral a partir de sua conta no Twitter, disse à Human Rights Watch, organização internacional de direitos humanos, que chegou ao principal aeroporto de Bangcoc em 5 de janeiro do Kuwait, e que seu passaporte foi apreendido, impedindo-a de viajar para a Austrália. 

“Ela está na Tailândia agora”, disse Surachate Hakparn, chefe de imigração do país, em uma entrevista na tarde de segunda-feira (7) no aeroporto de Suvarnabhumi. “Ninguém pode forçá-la a fazer nada. Vamos protegê-la”. 

Nossas convicções: A valorização da mulher

Depois que representantes da agência de refugiados da ONU, conhecida como ACNUR, se reuniram com Alqunun para discutir se ela queria ir para a Austrália ou permanecer na Tailândia, ela foi autorizada a entrar temporariamente no país do Sudeste Asiático, disse Surachate na segunda-feira. 

Surachate disse que ela deixou o aeroporto sob custódia do ACNUR, e a agência disse que levaria cerca de cinco dias para processar o caso antes que a mulher possa partir para um terceiro país. No final da segunda-feira, o pai dela chegou à Tailândia para tentar uma reconciliação. 

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Alqunun estava em um hotel no aeroporto e disse anteriormente em um vídeo postado no Twitter que ela não sairia do quarto até encontrar os representantes do ACNUR, acrescentando que queria asilo. 

“Estou gritando por ajuda da humanidade”, escreveu ela no Twitter, onde documentava sua situação em árabe e inglês. 

Ela disse que estaria “em perigo real” se as autoridades tailandesas a deportassem e temia que sua família a matasse. Alqunun se trancou no quarto do hotel para resistir à deportação a bordo de um voo da Kuwait Airways na manhã de segunda-feira, que deixou Bangcoc sem ela, de acordo com seus posts. 

A embaixada saudita em Bangcoc disse em um comunicado que não havia apreendido o passaporte de Alqunun, acrescentando que não tem autoridade para detê-la no aeroporto ou em qualquer outro lugar. A embaixada disse que ela foi detida pelas autoridades aeroportuárias por falta de “uma passagem de retorno ou um programa turístico” e será deportada para o Kuwait, onde sua família mora. Alqunun disse, no entanto, que ela reside na Arábia Saudita, postando uma foto de seu cartão de identificação da universidade. 

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A Human Rights Watch disse que a jovem corre o risco de ser acusada criminalmente na Arábia Saudita por “desobediência dos pais”, o que pode resultar em prisão, bem como por “prejudicar a reputação do reino”. Alqunun também disse a alguns meios de comunicação que ela havia renunciado ao Islã, uma ofensa criminal na Arábia Saudita que pode ser punida com a morte. 

“As autoridades tailandesas deveriam imediatamente suspender qualquer deportação e permitir que ela continue sua viagem à Austrália ou permitir que ela permaneça na Tailândia em busca de proteção como refugiada”, disse Michael Page, vice-diretor da Human Rights Watch para o Oriente Médio. 

Não foi possível entrevistar Alqunun ou verificar sua história de forma independente. No entanto, ela postou uma cópia de seu passaporte no Twitter. 

Embora a Arábia Saudita esteja gradualmente concedendo mais direitos às mulheres como parte de uma reforma conduzida pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, o reino islâmico conservador ainda aplica um sistema de tutela que torna as mulheres dependentes legais de parentes do sexo masculino. Mulheres de todas as idades precisam da permissão do seu guardião – tipicamente o pai, marido ou irmão – para casar ou viajar para o exterior. 

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Em 2017, outra mulher saudita, Dina Ali Lasloom, foi forçada a retornar à Arábia Saudita enquanto estava em trânsito nas Filipinas em uma tentativa de chegar à Austrália. Ela foi mantida em um centro de detenção para mulheres com menos de 30 anos após seu retorno, e não está claro o que aconteceu com ela depois disso. 

O governo militar da Tailândia foi criticado no ano passado por prender Hakeem Al-Araibi, um ex-jogador de futebol do Bahrein com status de refugiado na Austrália. Ele havia viajado para a Tailândia para sua lua de mel e permanece detido aguardando uma possível extradição para o Bahrein. 

Nossas convicções: O valor da família

As relações da Arábia Saudita com a Tailândia são tensas há décadas, depois de um funcionário tailandês ter roubado pedras preciosas, incluindo um valioso diamante azul, de um príncipe saudita, e de um empresário que viajou para investigar o roubo ter desaparecido.

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