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A Organização das Nações Unidas anunciou na quarta-feira uma investigação sobre as denúncias de que seus funcionários e tropas de paz teriam cometido abuso sexual contra crianças no sul do Sudão, e disse que haverá punições exemplares a eventuais culpados.

O departamento de vigilância interna da ONU tem uma equipe permanente no Sudão para investigar todas as acusações de abusos. No ano passado, suas conclusões levaram à repatriação de quatro soldados das forças de paz, segundo Michele Montas, nova porta-voz-chefe da ONU.

O jornal britânico Daily Telegraph apresentou em sua edição de terça-feira relatos de mais de 20 jovens da cidade de Juba que dizem ter sido forçadas por militares e civis da ONU a fazerem sexo.

O Telegraph disse que os primeiros sinais de exploração sexual de jovens apareceram meses depois da chegada das forças de paz, em março de 2005. O Unicef (órgão da ONU para a infância) redigiu um relatório interno detalhando o problema, segundo o jornal.

Mas Montas disse que o relatório do Unicef era relativo apenas a abusos cometidos por militantes sudaneses, e não por forças de paz ou civis da ONU.

Ela admitiu, porém, que a ONU conhecia as denúncias há algum tempo. A reação até agora teria sido a de conversar com autoridades locais e países que contribuem com tropas para garantir que não haja violações.

``Quando necessário, fortes medidas disciplinares serão tomadas. O padrão da ONU nessa questão é claro - tolerância zero, o que significa complacência zero e impunidade zero'', disse a porta-voz.

A reportagem foi publicada no primeiro dia de trabalho do sul-coreano Ban Ki Moon como secretário-geral da ONU, o oitavo da história da entidade.

Há mais de 11 mil soldados e policiais de 70 países sob comando da ONU no sul do Sudão, vigiando um acordo de paz que encerrou 21 anos de guerra civil. Atualmente, a ONU tenta convencer o governo sudanês a permitir a entrada de uma força de paz para outra região em conflito, a de Darfur, no oeste do país.

Há décadas a ONU enfrenta denúncias de que seus militares e civis cometem abusos sexuais em suas missões pelo mundo. Só nos últimos anos, porém, o tema passou a ser tratado seriamente, depois de relatos de abusos disseminados na República Democrática do Congo, onde há 17 mil militares da força internacional.

Entre janeiro de 2004 e novembro de 2006, a ONU investigou 319 pessoas, tendo punido 179 delas. Apesar disso, a entidade admite que menores continuam sob o risco de sofrerem abusos.

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