Manifestantes pró-democracia são colocados em caminhão por simpatizantes do governo durante protestos de 11 de julho de 2021 em Havana, Cuba. Organizações denunciam que estão sendo agora torturados na prisão.| Foto: Ernesto Mastrascusa/EFE
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Organizações civis internacionais denunciaram nesta quarta-feira no México a morte de pelo menos 100 prisioneiros em Cuba em "condições desumanas", além de métodos de tortura contra manifestantes que participaram dos protestos históricos de 11 de julho de 2021.

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"As prisões cubanas são caracterizadas pela superlotação. Documentamos a propagação de doenças como a sarna, e a pandemia aumentou o problema. Pelo menos 100 pessoas morreram na prisão em condições desumanas", disse o pesquisador José Gallego, da associação Cubalex.

Sob os auspícios do Artigo 19, as organizações apresentaram na Cidade do México o relatório "A tortura é cometida em Cuba" com as recomendações do Comitê Contra a Tortura das Nações Unidas, que revisou a situação na ilha no mês passado.

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A associação Prisoners Defenders, com sede na Espanha, documentou entre 1,5 mil e 2 mil réus, além de mais de 1 mil que permanecem em processos criminais pendentes, por participarem das históricas manifestações de julho do ano passado contra o governo do presidente Miguel Díaz-Canel.

"No dia 11 de julho, o mundo viu a verdadeira natureza do regime cubano. O povo saiu às ruas sem saber que isso poderia significar penas de 10 a 30 anos de prisão", disse Javier Larrondo, presidente dos Prisoners Defenders.

O relatório revela o que aconteceu após os protestos — os mais fortes em Cuba desde o chamado "Maleconazo", em agosto de 1994 —, que ocorreram enquanto a ilha enfrentava uma crise econômica e sanitária com pandemia em seu pior momento e escassez de alimentos, remédios e produtos básicos.

A Cubalex identificou 14 métodos de tortura contra presos, incluindo atos de repúdio, violência física e ameaças durante prisões, spray de pimenta, mãos atrás das costas com algemas apertadas, exposição a altas temperaturas dentro de viaturas e abandono em locais despovoados.

Também foi registrado exposição ao frio durante interrogatórios, ameaças, condições precárias nas celas e ofensas devido à cor da pele, aparência física e orientação sexual.

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Finalmente, verificou casos de nudez forçada, negação de acesso a absorventes, negação de assistência médica e espancamentos em centros de detenção.

"O relatório apresentado por este Comitê denuncia casos de violação de direitos humanos em contextos de protesto. Também denuncia a falta de independência dos procuradores de Justiça e o aumento da criminalização dos dissidentes", disse Olga Guzman Vergara, conselheira para América Latina da Organização Mundial contra a Tortura.

As associações pediram ao governo cubano que adote as recomendações do Comitê da ONU, como a criação de uma instituição nacional autônoma para defender os direitos humanos e garantir a independência dos promotores.

"Neste relatório percebemos como o Estado cubano não deixou de acionar a máquina institucional para silenciar as vozes que buscam informar a sociedade. Recentemente foi aprovado um Código Penal repressivo", lamentou Claudia Ordóñez, funcionária do programa de Centro América e Caribe do Artigo 19.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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