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Donald Trump discursa durante evento para a arrecadação de fundos para a campanha eleitoral | BRENDAN SMIALOWSKI/
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Donald Trump discursa durante evento para a arrecadação de fundos para a campanha eleitoral| Foto: BRENDAN SMIALOWSKI/ AFP

O presidente Donald Trump enfrentará, em novembro, um referendo de meio de mandato sobre sua presidência. E, uma de suas principais promessas de campanha em 2016, a de aumentar os salários dos “homens e mulheres esquecidos” da América não tem havido avanços.  Considerando o impacto da inflação, os rendimentos por hora dos americanos são inferiores em comparação há um ano. 

Os salários reais se mantem estagnados, apesar da economia em expansão, da alta nas ações, dos crescentes lucros corporativos e do estímulo impulsionado pelos cortes de impostos de Trump, que entraram em vigor em 1º de janeiro. O governo afirmou que suas políticas aumentariam imediatamente os salários 

Isto não aconteceu. E apesar de Trump se orgulhar regularmente do desempenho da economia, muitos americanos não sentem que estão compartilhando os ganhos, um risco para os republicanos enquanto buscam defender suas maiorias na Câmara e no Senado nas eleições de novembro. 

Situação financeira das famílias

A maioria dos eleitores acredita que sua situação financeira pessoal permaneceu a mesma ou piorou nos últimos dois anos, disse Tim Malloy, diretor-assistente de pesquisa da Universidade Quinnipiac. 

"Quando você olha para a espinha dorsal do país - a classe média - as pessoas pensam que há estagnação e pouco aconteceu para elas", embora "a situação possa ser marginalmente melhor em todo o país", disse ele. "Isto pode ser um problema para muitas pessoas nestas eleições de meio de mandato. Pelo menos algumas pessoas acreditam que as promessas não foram cumpridas." 

Os salários por hora ajustados pela inflação caíram 0,2% em julho em relação ao ano anterior, o pior resultado desde 2012, segundo o Departamento do Trabalho, em meio à aceleração na inflação. Os salários cresceram a um ritmo anual médio de 0,3% ao longo do governo Trump, em comparação com 1,1% durante o segundo mandato de Barack Obama. 

As crescentes disputas tarifárias do governo Trump correm o risco de diminuir o poder de compra dos americanos, devido à elevação nos preços. 

Ao mesmo tempo, muitos americanos estão recebendo maiores salários líquidos devido aos cortes nos impostos. Cerca de 65% dos contribuintes pagarão US$ 2,2 mil a menos em impostos em 2018, enquanto 6% terão um aumento médio de US$ 2,8 mil, segundo estimativas do Tax Policy Center em março. 

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Como candidato, Trump criticou seu antecessor pelo crescimento lento da renda dos trabalhadores americanos. "As rendas domésticas são hoje US$ 4 mil menores do que há 16 anos", disse ele, durante um comício na campanha em Pensacola, em setembro de 2016. "Vamos aumentar seus salários.” 

 Os trabalhadores ainda estão esperando. Por uma margem de 58% a 38%, os eleitores americanos acreditam que o governo Trump não está fazendo o suficiente para ajudar as pessoas da classe média, segundo uma pesquisa da Universidade Quinnipiac, divulgada em 14 de agosto. 

A Casa Branca não respondeu aos pedidos para comentar o assunto. Mas o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, disse, na terça-feira, que o crescimento menor dos salários pode ser atribuído a novos trabalhadores que estão entrando no mercado tributário. 

"Os salários estão aumentando", disse ele em entrevista à CNBC. "Eu sei que algumas pessoas comentam que os números não mostram isso, mas deixe-me dizer, com novas pessoas entrando na força de trabalho com salários menores, isto vai mostrar algumas coisas diferentes em termos brutos." 

Afirmações questionadas

Antes da aprovação da nova legislação tributária, o presidente do Conselho de Assessores Econômicos da Casa Branca, Kevin Hassett, disse esperar que a redução dos impostos corporativos provocasse “um salto imediato no crescimento dos salários". 

Falando à Fox Business Network este mês, Hassett disse que os salários mais elevados virão com o tempo, citando a baixa taxa de desemprego, o crescimento dos investimentos e o aumento da produtividade. "Isto, historicamente, ajuda os operários", disse ele. 

Trump tem dito aos eleitores que os salários já estão subindo a níveis históricas, embora os dados econômicos não mostrem isto. Em vários discursos recentes, ele alegou falsamente que os salários estão subindo pela primeira vez em 18 anos, 19 anos, 20 anos, 21 anos e 22 anos. "Temos muitos empregos agora, mas os salários estão aumentando", disse Trump, no mês passado, em uma mesa redonda em Iowa. "É a primeira vez que isto acontece em 19 anos." 

O salário médio por hora, sem contabilizar a inflação, aumentou 2,7% em julho em relação ao mesmo mês de 2018. É o mesmo ritmo registrado no período de 12 meses anterior à eleição de Trump. Desde o final da recessão, em meados de 2009, eles vêm aumentando ao ritmo médio anual de 2,2%. 

As alegações de Trump também são desmentidas por outras medidas de salários frequentemente usadas por economistas, incluindo o índice de custos de emprego e o rastreador de crescimento de salários do Federal Reserve Bank de Atlanta. 

Tormento generalizado

O morno crescimento salarial durante a atual expansão econômica também atormentou o governo Obama e continua sendo um dos maiores desafios, mesmo com o desemprego estando perto do nível mais baixo desde 1969. 

"Nossa expectativa era de que os principais pontos do plano de impostos provavelmente não resultassem em salários mais altos para o trabalhador médio", disse Michael Gapen, economista-chefe do Barclays nos Estados Unidos. "Era mais provável que desse mais retorno aos acionistas". 

Só 37% dos americanos aprovam o pacote fiscal, contra 45% que desaprovam, aponta uma pesquisa divulgada em 20 de agosto pela Universidade de Monmouth. Esta impopularidade está causando dificuldades para os republicanos, que esperavam que a lei lhes desse um impulso nas eleições. 

Um em cada quatro americanos não acha que estejam "pelo menos indo bem" financeiramente, e mais de um em cada cinco entrevistados disseram que não puderam pagar as contas do mês inteiro, conforme os resultados de uma pesquisa do Fed referente a 2017 e que foi divulgada em maio. 

"As pessoas que dependem de salários - e isto é praticamente quase todo mundo, exceto indivíduos de renda maior ou maior riqueza - não estão obtendo tantos benefícios desta economia", disse Gregory Daco, chefe de pesquisa macroeconômica na Oxford Economics, em Nova York. "As pessoas com rendas menores estão tendo mais restrições.”

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