O imigrante salvadorenho Oscar Martinez Ramírez e sua filha morreram ao tentar atravessar o Rio Grande em Matamoros| Foto: AFP

Os corpos do salvadorenho Óscar Alberto Martínez Ramírez, de 25 anos, e de sua filha Valeria, de 23 meses, foram encontrados na segunda-feira (24) às margens do Rio Grande - ou Rio Bravo, para os mexicanos - na fronteira dos EUA com o México. Os rostos estavam submersos na água e a menina, dentro da camiseta do pai, tinha um dos braços envolto no pescoço dele, sugerindo que ela se agarrou a ele nos momentos finais. A imagem chocante foi registrada pela jornalista Julia Le Duc e publicada pelo jornal mexicano La Jornada.

CARREGANDO :)
CARREGANDO :)

Segundo Le Duc, com base no depoimento de Tania, mãe da menina, Ramírez estava frustrado porque sua família não conseguiu se apresentar às autoridades americanas para pedir asilo e decidiu nadar até o outro lado do rio com sua filha, no domingo (23). Ele a colocou na margem norte do rio e voltou para pegar a mulher, Tania Vanessa Avalos, de 21 anos. Mas, ao ver o pai se afastar, a menina se jogou na água. Rodríguez voltou e conseguiu pegar Valeria, mas a corrente levou os dois.

Nesta quarta-feira, o papa Francisco disse que viu a imagem "com grande tristeza". "O papa está profundamente entristecido por essas mortes, e está rezando por eles e por todos os imigrantes que perderam as suas vidas enquanto buscavam fugir da guerra e da miséria", disse um porta-voz.

Publicidade

A foto ressalta os perigos enfrentados por imigrantes da América Central, que fogem da violência e da pobreza e esperam encontrar asilo nos EUA. Lembra também a imagem de 2015 de um menino sírio de 3 anos, Aylan Kurdi, que se afogou no Mediterrâneo na ilha grega de Kos, e pode ter um impacto semelhante em concentrar a atenção internacional para a crise migratória nos EUA.

Em busca de segurança e oportunidade

Óscar havia vendido uma motocicleta e emprestado dinheiro para se mudar com a família de El Salvador para os Estados Unidos. Ele e sua esposa, Tania, queriam economizar para comprar uma casa no país. Eles buscavam segurança e oportunidade. "Eles queriam um futuro melhor para a menina", disse María Estela Ávalos, mãe de Tania.

Os três deixaram sua cidade em 3 de abril e viajaram por mais de 1.600 quilômetros. Passaram dois meses em um abrigo mexicano antes de tentar cruzar a fronteira. Quando chegassem aos EUA, planejavam pedir asilo, para se refugiar da violência que faz com que muitos centro-americanos saiam de suas casas em direção ao país todos os dias. Mas a família só conseguiu chegar até a ponte internacional em Matamoros, no México. No domingo, foram informados de que a ponte estava fechada e que deveriam tentar atravessá-la no dia seguinte.

No lado mexicano do Rio Grande, os Estados Unidos pareciam estar ao seu alcance. "Eles disseram que estavam com medo de como estava ficando a situação dos imigrantes com a pressão de Trump. Por isso decidiram cruzar o rio. A ideia era se entregar à polícia de imigração quando chegassem", disse a irmã de Óscar ao jornal El Diario de Hoy.

Pai e filha tentaram atravessar, mas antes que conseguissem chegar a Brownsville, no Texas, foram levados pelas fortes correntes do rio.

Publicidade

Com agências internacionais.