O menino brasileiro Florian Mutter, de cinco anos, foi sepultado na manhã desta sexta-feira (05) em um cemitério da cidade de Kloten, a 12 quilômetros de Zurique, norte da Suíça. Em 26 de fevereiro, ele havia sido vítima de uma overdose de soníferos, seguida de asfixia, em um quarto de hotel no qual passara a noite com o pai, identificado pela polícia local apenas como Gustav G. O menino, filho de uma brasileira, teria sido morto pelo próprio pai, que a seguir teria tentado se suicidar, sem sucesso.

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O homem, um contador de 60 anos, já havia sido condenado há 20 anos por tentar matar seu primeiro filho. Depois de deixar a prisão, Gustav havia vivido por cinco anos com a brasileira Márcia Mutter, de 35, a quem conhecera havia pouco mais de cinco anos, em Valência, na Espanha.

O assassinato de Florian aconteceu por volta das 18h30 da sexta-feira, 26 de fevereiro, em um quarto do hotel Krone, na cidade de Winterthur, situada a 26 quilômetros de Zurique. Segundo a apuração policial, funcionários do estabelecimento foram alertados pelo alarme anti-incêndio do quarto. Ao entrarem, encontraram dois corpos caídos ao chão e recobertos pela poeira branca de um extintor de incêndio. Chamados ao local, paramédicos tentaram reanimar Florian, que chegou a ser levado de helicóptero a um hospital local, antes de falecer. Gustav, por sua vez, pôde ser salvo e está preso.

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De acordo com os indícios recolhidos pelos investigadores, Florian - que completaria cinco anos de idade no dia seguinte -, teria sido vítima de uma overdose de soníferos. Sem conseguir matá-lo, Gustav teria então tentado asfixiá-lo com o pó do extintor de incêndio. "Nós supomos que ele também tentou se matar", disse ao jornal "Blick" o procurador de Zurique responsável pelo caso, Andreas Gossner.

As circunstâncias do crime ainda não estão esclarecidas pela polícia. A hipótese mais provável é que Gustav temesse que Márcia fugisse com o filho para o Brasil. Desde a separação, em fevereiro de 2008, o casal disputava a guarda do menino, que foi atribuída ao pai pelo Conselho Tutelar de Bonstetten, cidade na qual a família morava. "Ao longo das últimas três semanas, o pai rejeitou o direito de visita da mãe ao filho", informou à imprensa suíça o ex-advogado de Márcia, Burkard Wolf. "Gustav argumentava que o filho estava doente e precisava ficar em casa "

A polícia estima ainda que o temor de ter o filho sequestrado fosse na realidade uma crise de paranoia de Gustav. Isso porque o histórico judiciário e psiquiátrico do suspeito é taxativo. O pai de Florian já havia cumprido pena de 10 anos de prisão pela tentativa de homicídio de Reto, seu primeiro filho, então com 13 anos. Em 1990, o menino foi jogado de um despenhadeiro, depois de ser espancado a pauladas. Reto sobreviveu com paralisia severa. Segundo seu histórico psiquiátrico, Gustav era um paciente narcisista, egocêntrico e com perfil psicopático. À época de seu primeiro crime, ele disse em uma carta à primeira mulher, Martha: "Reto merece uma vida boa. Vou poupá-lo do sofrimento de ter um pai mentalmente perturbado".

A morte de Florian desperta polêmica na região de Zurique. Uma investigação foi aberta pela diretor de Justiça da cidade, Markus Notter, para apurar porque a guarda do menino foi atribuída ao pai, e não à mãe brasileira, mesmo com a ficha policial de Gustav.

Florian foi enterrado hoje (05), em um pequeno caixão branco recoberto com a bandeira do Brasil. Segundo a imprensa, dezenas de pessoas acompanharam o sepultamento. De acordo com Wolf, Márcia - a quem a reportagem tentou localizar nesta noite, sem sucesso - não quer indenização do governo suíço, mas pede a responsabilização das autoridades que atribuíram ao pai a guarda de seu filho.

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