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Árabes nascidos na Palestina e que moram em Curitiba estão há semanas sem contato com familiares na Faixa de Gaza. O comerciante Sharif Majid, de 72 anos, e o engenheiro Nabil Tarazi, de 71 anos, têm centenas de parentes nas áreas atingidas pelos recentes bombardeios. Sem contato com os familiares há mais de uma semana, eles contam que a situação é crítica: falta comida, remédios, luz e água, e a população sofre com o frio que toma conta da região nessa época do ano.

"Há pessoas que estão morrendo por causa de necessidades básicas", diz Majid. "Não há nada para comer, para beber; Israel cortou a água e a luz. As pessoas estão morrendo até de fome." Majid é nascido na cidade de Ramallah, na Cisjordânia, e veio para o Brasil em 1965 por causa dos permanentes conflitos após a criação do Estado de Israel, em 1948. Filho mais novo entre 11 irmãos, Majid tem outros nove irmãos que permaneceram na Palestina, e cujas famílias estão hoje entre os ameaçados pelo conflito. O último contato que Majid teve com seus parentes foi há uma semana. "Ele está muito triste, muito abalado", conta a sua filha, Nádia Aguiar. "A linha telefônica foi cortada, os palestinos estão proibidos de circular pelas ruas. Além disso, nessa época do ano, chega a fazer 11 graus negativos à noite. É impossível viver assim."

Último contato

O engenheiro Nabil Tarazi é nascido em Nazaré, cidade que hoje faz parte do Estado de Israel. Ele tem tia e primos na Faixa de Gaza, e o último contato feito com eles foi no dia do Natal, antes de estourarem os recentes bombardeios. "Nos falamos pela internet. A situação já estava bem tensa, porque havia 18 meses que Israel não deixava entrar comida e remédio na região."

Tarazi conta que, para sobreviver, seus familiares recorriam ao contrabando, e tinham o hábito de estocar comida. Ele não sabe qual é a situação atual de seus parentes, mas conta que eles não tinham nenhuma proteção especial em suas casas contra os bombardeios. "Um bunker custa muito dinheiro. A maioria da população não tem." Tarazi diz também que a população está praticamente impedida de fugir. "Como eles vão sair de casa? Se saírem, matam todos! É uma coisa muito triste."

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