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Navio carregado  com contêineres passa sob a Ponte das Américas, no Canal do Panamá | Rafael Ibarra/Reuters
Navio carregado com contêineres passa sob a Ponte das Américas, no Canal do Panamá| Foto: Rafael Ibarra/Reuters

10 mil empregos são gerados pela gigantesca marítima passagem no país. Além disso, o canal dinamiza negócios e serviços (6% do PIB) que fazem da economia panamenha uma das mais fortes da América Latina (cresceu 8,4% em 2013).

14 mil barcos cruzam por ano o Canal do Panamá. As embarcações vêm principalmente de Estados Unidos, China, Chile e Japão, carregadas de mercadorias, petróleo, carros, grãos ou passageiros, em uma rota que envolve 1.700 portos em 160 países.

Construção se liga à história do país

AFP

As histórias do Canal e do Panamá como país independente se confundem. Em 1881, o francês Ferdinand de Lesseps, construtor do Canal de Suez, tentou abrir a rota, mas fracassou por problemas de engenharia, financeiros e pelas doenças tropicais, que mataram mais de 20 mil trabalhadores.

Depois de promoverem a separação da Colômbia, os Estados Unidos receberam do nascente Estado panamenho o aval para fazer um canal, pagaram aos franceses US$ 40 milhões por direitos e o construíram de 1904 a 1914. Instalaram ainda bases militares e um enclave com governo próprio em terras das quais havia obtido a perpetuidade.

Décadas de luta nacionalista levaram em 1977 aos tratados assinados pelo líder panamenho Omar Torrijos e pelo presidente americano Jimmy Carter, que entregaram ao Panamá o Canal no dia 31 de dezembro de 1999.

Retorno

Desde então, a via forneceu ao Estado panamenho US$ 10 bilhões de dólares, mais do que em 85 anos sob propriedade americana. A ampliação triplicará os atuais ganhos em US$ 1 bilhão ao ano. "No centenário estou orgulhoso de fazer parte da história e trabalhar para o Canal do meu país", disse Héctor Peralta, que trabalha nas obras que ampliarão o canal.

  • Foto de 1912 mostra trabalhadores preparando dinamites usadas na abertura do canal

O Panamá celebrou ontem o centenário do canal interoceânico, uma façanha humana que transformou o comércio marítimo mundial e hoje encara o desafio de modernizar-se para competir diante das novas exigências da economia globalizada. "Cem anos de comportas abertas ao orgulho", afirma uma inscrição na fachada de uma das antigas instalações dos diques de Miraflores, cenário das comemorações presididas pelo administrador Jorge Quijano.

O Canal do Panamá, maravilha da engenharia moderna e por onde passa 5% do comércio marítimo mundial, completa cem anos entre caminhões carregados de pedras, gruas e retroescavadeiras que trabalham em sua monumental ampliação, em plena concorrência com dois projetos rivais.

No dia 15 de agosto de 1914, um barco, o Ancón, cruzava pela primeira vez a rota que, após o fracasso dos franceses, foi aberta pelos Estados Unidos ao longo de 80 quilômetros na parte mais estreita da geografia da América. O velho sonho de unir os oceanos Pacífico e Atlântico se tornava realidade.

Um século depois, trabalhadores com capacetes e coletes escavam, montam comportas e levantam muros com toneladas de concreto para permitir a passagem de gigantes pós-Panamax, navios de mais de 12 mil contêineres, o triplo de carga dos que atualmente atravessam a via.

"Para o Panamá, o Canal significou progresso. Deixou de ser uma província [colombiana] esquecida para se tornar um Estado independente que podia escolher seu futuro. Sua contribuição para o comércio na época foi definitiva e a ampliação é o que queremos oferecer ao mundo hoje", declarou Quijano.

REVOLUÇÃO

Obra reduziu distâncias, tempos e custos do transporte marítimo

Evitando milhares de quilômetros até Cabo de Hornos, o canal panamenho transformou a navegação e o comércio mundial: reduziu distâncias, tempos e custos de transporte de mercadorias entre os centros de produção e consumo. Primeiro, ele permitiu aos Estados Unidos mover sua frota militar e o comércio entre suas costas leste-oeste, depois favoreceu a Europa e a Ásia nos anos 50 e 60 quando o Japão se tornou potência industrial, e nos últimos 25 anos abriu as portas do mercado da América Latina para países como a China.

"Há 100 anos o Canal é tratado como um relógio. Os panamenhos sentem uma responsabilidade frente ao mundo, por isso ele deve ser modernizado para se ajustar ao comércio internacional", comenta o analista Ebrahim Asvat.

Ampliação

A expansão, no valor de US$ 5,25 bilhões, começou em 2007 e em 2009 teve início sua principal obra, um terceiro conjunto de comportas construídas por um consórcio internacional liderado pela empresa espanhola Sacyr. A ampliação seria inaugurada no ano do centenário, mas sofreu atrasos com greves e disputas por custos adicionais milionários que a Sacyr exige da Autoridade do Canal (ACP).

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