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Bispo preso

Papa Francisco critica “ditadura grosseira” da Nicarágua

O Papa Francisco acena do papamóvel ao chegar à Praça da Revolução para celebrar a missa dominical em Havana, Cuba, em 20 de setembro de 2015.
O Papa Francisco acena do papamóvel ao chegar à Praça da Revolução para celebrar a missa dominical em Havana, Cuba, em 20 de setembro de 2015. (Foto: EFE/Alejandro Ernesto)

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O papa Francisco descreveu a Nicarágua de Daniel Ortega como uma "ditadura grosseira", após a condenação de um bispo nicaraguense a 26 anos e quatro meses de prisão.

"Com grande respeito, não tenho outra escolha senão pensar em um desequilíbrio da pessoa que lidera (Ortega). Lá temos um bispo que é um prisioneiro, um homem muito sério, muito capaz. Ele queria dar seu testemunho e não aceitou o exílio", disse Francisco em entrevista ao portal de notícias argentino "Infobae" concedida no Vaticano, por ocasião do décimo aniversário de seu papado, e divulgada nesta sexta-feira (10).

O bispo nicaraguense Rolando Álvarez, crítico do governo Ortega, foi condenado em 10 de fevereiro a 26 anos e quatro meses de prisão após ter sido declarado culpado de crimes de "traição à pátria", em meio à crise no país centro-americano.

Monsenhor Álvarez recusou-se a embarcar no avião que o levaria, junto com outros 222 presos políticos da oposição nicaraguense, para os Estados Unidos, o que provocou a fúria de Ortega, que o chamou de "soberbo", "maluco" e "energúmeno".

"É algo que está fora da linha do que estamos vivendo, é como se fosse trazer a ditadura comunista de 1917 ou a hitleriana de 1935, trazer as mesmas para cá.... São ditaduras grosseiras", afirmou a mais alta autoridade da Igreja Católica.

Em 21 de fevereiro, o presidente nicaraguense descreveu a Igreja como uma "máfia" e a acusou de ser antidemocrática por não permitir que os católicos elejam papa, cardeais, bispos e padres por voto direto.

Mudança de regime na Venezuela

Durante a conversa, Francisco também foi questionado sobre a situação política na Venezuela e expressou sua confiança de que possa haver uma mudança de regime.

"Penso que sim, porque são as circunstâncias históricas que vão obrigar a mudar o modo de diálogo que eles têm. Penso que sim, ou seja, nunca fecho a porta para possíveis soluções. Ao contrário, as incentivo", declarou.

O pontífice, de 86 anos, completará dez anos à frente da Igreja Católica na próxima segunda-feira, período em que concentrou seus esforços na reforma da Santa Sé para torná-la mais transparente e eficaz.

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