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Papa Francisco durante a sua Audiência Geral semanal no Pátio San Damaso, Cidade do Vaticano, 09 de junho de 2021| Foto: FABIO FRUSTACI/Agência EFE/EPA/Gazeta do Povo

O papa Francisco rejeitou nesta quinta-feira a renúncia do arcebispo de Munique e Freising, cardeal Reinhard Marx – apresentada como um gesto para assumir a responsabilidade pelos abusos de menores por membros da instituição alemã –, embora tenha valorizado sua decisão e admitido que "toda a Igreja está em crise" por causa desses escândalos.

O cardeal Marx, ex-presidente da Conferência Episcopal Alemã e um colaborador próximo de Francisco por pertencer à comissão de cardeais que o aconselha, causou grande repercussão na Igreja Católica na sexta-feira passada ao apresentar sua renúncia.

Esta decisão veio como um "sinal de assunção de responsabilidades" após o relatório sobre os abusos de menores e seus respectivos acobertamentos no período entre 1975 e 2018 por padres da Arquidiocese de Colônia.

"Caro irmão, antes de tudo obrigado por sua coragem. É uma coragem cristã que não teme a cruz, não teme ser oprimido diante da tremenda realidade do pecado", disse o papa em uma carta divulgada nesta quinta-feira, na qual informa sua decisão a Marx. Na carta, Francisco, referindo-se à situação que vive o purpurado alemão, afirmou que "toda a Igreja está em crise por causa dos abusos".

"Além disso, a Igreja hoje não pode dar um passo adiante sem assumir esta crise", ressaltou.

Na nota em que pede a renuncia, Marx, considerado da ala progressista, argumentou que a Igreja Católica está no que ele chama de "um impasse".

"A política de avestruzes não leva a nada, e a crise tem de ser assumida desde a nossa fé pascal. Sociologismos, psicologismos, são inúteis. Assumir a crise, pessoal e comunitária, é o único caminho fecundo, porque de uma crise não se sai sozinho, mas em comunidade e devemos também ter em mente que de uma crise se sai melhor ou pior, mas nunca igual", destacou Francisco na carta divulgada hoje.

O papa concordou com Marx ao descrever "a triste história do abuso sexual e a maneira como a Igreja lidou com ela até recentemente" como uma catástrofe, e que o primeiro passo que a Igreja deve dar é "assumir o controle dela".

Francisco explicou que, embora "as situações históricas devam ser interpretadas com a hermenêutica da época em que aconteceram", isso "não nos exime de nos responsabilizar e assumi-las como a história do pecado que nos envolve".

Além disso, defendeu que "cada bispo da Igreja o assuma e se pergunte: o que devo fazer diante desta catástrofe?".

"O mea culpa por tantos erros históricos do passado fizemos mais de uma vez em muitas situações, embora pessoalmente não tenhamos participado dessa situação histórica. E essa mesma atitude é o que nos está sendo pedido hoje", acrescentou.

"Os silêncios, as omissões, dando muito peso ao prestígio das instituições, só levam ao fracasso pessoal e histórico, e nos levam a conviver com o peso de ter esqueletos no armário", completou.

Já no final da carta, Francisco pediu a Marx que continue sua luta "como arcebispo" e fez uma analogia; dizendo a ele para pensar sobre quando Pedro apresentou sua renúncia e disse: "Afasta-te de mim, eu sou um pecador" e a resposta foi: "Pastoreie minhas ovelhas."

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