Cardeal Sean Brady, chefe da Igreja Católica na Irlanda, se declarou envergonhado por não ter defendido os valores que prega| Foto: Peter Muhly/AFP

Escândalos

Nas últimas semanas, cresce a lista de países onde pululam suspeitas de abusos sexuais cometidos por sacerdotes:

Irlanda

No caso mais grave, dois dossiês publicados no ano passado denunciaram décadas de abusos sistemáticos em escolas católicas que atingiram mais de 15 mil menores.

Alemanha

Mais de 250 casos de abusos sexuais em escolas jesuítas foram relatados; o Papa Bento XVI teve seu nome envolvido na suposta acobertação de um caso de abuso em Munique.

Áustria

O abade de um mosteiro em Salzburgo admitiu ter abusado de um menino no passado; também houve denúncias de abusos nas cidades de Innsbruck e Mehrerau.

Holanda

Mais de 200 católicos denunciaram casos de abuso após a revelação de que três padres salesianos molestaram alunos há décadas em um internato católico.

Suíça

A Igreja Católica suíça investiga atualmente ao menos 60 denúncias de abuso sexual contra padres do país.

Brasil

O Vaticano reconheceu nesta semana a existência de atos de exploração sexual de crianças e adolescentes supostamente praticados por sacerdotes brasileiros na cidade Arapiraca, Alagoas, a 122 km de Maceió. Um rapaz de 19 anos veio a público contar que manteve relações com um padre desde os 11.

Fonte: Folhapress

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O Papa Bento XVI anunciou ontem em sua audiência na Praça São Pedro que enviará uma carta aos fiéis irlandeses na qual aborda os recentes escândalos de abuso sexual de crianças por membros da Igreja Católica no país. O líder religioso afirmou que a instituição foi "profundamente abalada" e que ele está preocupado.

Com a carta, que será assinada amanhã e cujo teor exato não foi revelado, Bento XVI disse esperar ajudar a "curar’’ a comunidade. "Pe­­ço a todos vocês que a leiam com o coração aberto e o espírito da fé. Minha esperança é que isso ajude no processo de arrependimento, cura e renovação", declarou, segundo agências de notícias.

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A Igreja Católica irlandesa passa por uma crise com a revelação, nos últimos meses, de uma série de casos de abusos contra crianças praticados por padres entre os anos 30 aos 90.

Ontem, Dia de São Patrício, pa­­droeiro da Irlanda, o cardeal Sean Brady, chefe da Igreja Católica no país, veio a público se desculpar por ter participado do acobertamento do escândalo à época, quan­­do era padre. No mês passado, o Vaticano convocou um encontro apenas para lidar com o tema.

Em maio de 2009, um relatório que compilou nove anos de investigações expôs uma prática disseminada de molestamentos e violações em parte das instituições ir­­­­landesas que atingiu mais de 15 mil crianças e adolescentes. Qua­­tro bispos renunciaram des­­de en­­tão.

O filme Em Nome de Deus ("The Magdalene Sisters’’, de Peter Mul­­lan, 2002) faz um retrato perturbador da vida nos orfanatos e instituições correcionais católicos nos anos 70.

Outros países

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A exposição do caso irlandês co­­locou na berlinda a Igreja Cató­­lica em outros países europeus, como Holanda, Áustria, Suíça e so­­bre­­tudo a Alemanha natal do atual Papa. Mas Bento XVI não abordou os demais casos na au­­diência de ontem. Na semana passada, a Igreja Católica alemã admitiu "erros" cometidos na Arquidio­­cese de Munique entre o fim da década de 70 e o início da de 80, quando o próprio papa, então bispo Joseph Ratzinger, a presidia.

A chanceler Angela Merkel afirmou ontem no Parlamento que o tema é um "desafio para a sociedade alem㒒. "Não simplifiquemos as coisa. Temos de falar a verdade e com claridade sobre o que houve."