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Banca de jornais em Karachi, no Paquistão, vende pôsteres de Bin Laden e Obama, os dois personagens mais polêmicos no país | Athar Hussain/Reuters
Banca de jornais em Karachi, no Paquistão, vende pôsteres de Bin Laden e Obama, os dois personagens mais polêmicos no país| Foto: Athar Hussain/Reuters

Al-Qaeda do Iraque apoia sucessor

A "filial" iraquiana da rede Al- Qaeda prometeu apoio ao dirigente Ayman al Zawahiri e disse que pretende cometer atentados para vingar a morte de Osama bin Laden. Em nota divulgada ontem em um fórum islâmico na in­­ter­­net, o califa do Estado Islâmico do Iraque (EII), Abu Baker al Baghdadi al Husseini al Qurashi, lamentou a morte de Bin Laden, durante ação militar dos EUA no Pa­­quistão.

"Eu digo aos nossos amigos na organização Al-Qaeda, e no topo dela ao xeque mujahid (combatente) Ayman al Zawahiri (...): ale­­grem-se, vocês têm homens leais no Estado Islâmico do Iraque, que estão seguindo o caminho correto e não vão desistir nem serem ex­­pulsos", disse ele na nota.

A EII é o primeiro grupo ligado à rede a manifestar publicamente seu apoio a Za­­wahiri, suposto su­­cessor de Bin Laden.

Zawahiri, um médico egípcio, conheceu Bin Laden na década de 1980 no Pa­­quistão, onde am­­bos davam apoio aos guerrilheiros que combatiam os soviéticos no Afeganistão. Seu paradeiro atual é desconhecido.

Reuters

Parentes

Washington quer interrogar as três viúvas de Bin Laden

Os Estados Unidos querem ter acesso às três viúvas de Osama bin Laden e a todo material de inteligência deixado para trás por seus comandos no complexo do líder da Al-Qaeda no Paquistão, disse ontem Tom Donilon, conselheiro de Segurança Nacional dos EUA.

As informações dessas mulheres, que ficaram na casa depois que os militares norte-americanos mataram Bin Laden, podem responder as perguntas sobre se o Paquistão abrigava o líder da Al-Qaeda, como suspeitam muitos funcionários dos EUA. Elas também poderiam revelar detalhes sobre o cotidiano de Bin Laden, o que fez desde a invasão do Afeganistão em 2001 e funcionamento interno da Al-Qaeda.

Acredita-se que as mulheres, junto com várias crianças recolhidas na casa, estejam sob a custódia do exército paquistanês. Um oficial paquistanês recusou-se a comentar o pedido de Donilon.

Uma das viúvas é iemenita. Uma cópia do passaporte dela vazada para a mídia paquistanesa a identifica como Amal Ahmed Abdullfattah. Ela supostamente teria dito aos investigadores paquistaneses que se mudou para aquela casa em 2006 e nunca deixou o complexo em que Bin Laden estava morando.

Ela é da província do sul do Iêmen de Ibb, a 193 quilômetros da capital Sanaa. O porta-voz do ministro das Relações Exteriores do Paquistão Tahmina Janjua disse que nenhum país pediu o retorno dos parentes de Bin Laden.

Um dia após o presidente Barack Obama ter declarado que houve apoio interno à presença de Osa­­ma bin Laden no Paquistão, o premiê do país, Raza Gilani, disse que novas ações como a que ma­­tou o terrorista trariam "risco de sérias consequências".

Em resposta, o porta-voz da Ca­­sa Branca, Jay Carney, afirmou que os EUA levam em conta os problemas apontados pelo governo paquistanês, mas "não pediriam desculpas" pela ação que matou Bin Laden, em 1.º de maio.

Gilani prometeu investigar co­­mo o terrorista ficou cinco anos em Abbottabad, a minutos da academia do Exército, até ser morto, mas negou "incompetência" ou "cumplicidade" do Paquistão.

Os paquistaneses querem evitar novas ações unilaterais norte-americanas no país, como Obama já sugeriu. O alvo seria o número 2 da rede Al-Qaeda, o egípcio Ay­­man al Zawahiri, mas Islamabad teme mais ataques à liderança do Taleban afegão, que ainda considera seu aliado. O premiê falou ontem ao Par­­lamento, mas sua ameaça foi contemporizada pelo óbvio: o Paquis­­tão precisa dos cerca de US$ 20 bilhões que chegaram em ajuda ao país desde a aliança pós-11 de Setembro. E Oba­­ma precisa do Pa­­quistão na equação regional de seus interesses.

Assim, Gilani disse que tinha em alta consideração sua relação com os EUA – no que foi retribuído pelo porta-voz da Casa Branca.

A guerra de versões continua. Ontem, a reportagem ouviu de um militar paquistanês que a localização de Bin Laden era um segredo compartilhado por Paquistão e EUA. Segundo ele, o monitoramento de telefonemas em árabe dos mensageiros durou dois anos, até chegarem a Abbottabad, e parou aí.

Ainda assim, não há explicação crível para o conjunto da operação. Dos vizinhos de Bin Laden em Abbottabad aos porteiros de Islamabad, é flagrante a falta de credibilidade das autoridades mi­­litares, antes a única instituição respeitada de fato no país.

O real papel de Bin Laden na chefia da Al-Qaeda também é alvo de polêmica. Os EUA dizem que ele estava firme e forte. O Pa­­quis­­tão duvida, suspeitando que os americanos só queiram justificar a violação de soberania.

Recompensa

Na entrevista em que falou so­­bre o Paquistão, o porta-voz Jay Car­­ney disse que a Casa Branca não pensa em pagar recompensa pela morte de Bin Laden. "Nin­­guém nos disse onde ele [Bin La­­den] estava", argumentou.

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