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Na Nicarágua, manifestantes celebram 100 dias de protestos contra o governo de Daniel Ortega | MARVIN RECINOS/AFP
Na Nicarágua, manifestantes celebram 100 dias de protestos contra o governo de Daniel Ortega| Foto: MARVIN RECINOS/AFP

O ministro Aloysio Nunes (Relações Exteriores) criticou o governo da Nicarágua pela demora em apresentar explicações detalhadas sobre a morte da estudante brasileira Raynéia Gabrielle Lima, 31.

"As informações que foram prestadas até agora são extremamente insuficientes", disse Nunes nesta sexta-feira (27) em entrevista durante a décima cúpula do Brics (bloco que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), em Joanesburgo.

Raynéia foi morta a tiros na última segunda-feira (23) em Manágua, capital do país, que enfrenta ondas de protestos contra o presidente Daniel Ortega.

O governo Nicarágua diz que foi um guarda de segurança particular. Mas quem foi? Qual é o calibre da arma? Em que circunstância isso ocorreu? Não houve até agora um esclarecimento e nós vamos insistir porque isso nos parece absolutamente inaceitável, afirma Nunes.

Após o crime, o governo convocou para prestar esclarecimentos a embaixadora da Nicarágua no Brasil, Lorenza Martinez, e chamou de volta ao país o embaixador brasileiro em Manágua, Luis Cláudio Villafañe.

De acordo com o professor de direito internacional da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Clayton Vinicius Pegoraro de Araújo, a convocação do embaixador brasileiro ao Itamaraty é um alerta para autoridades da Nicarágua. "Esse gesto inicial é entendido como uma retaliação e um possível rompimento de relações diplomáticas, mas é pouco provável que isso aconteça", sinaliza o especialista.

O governo continua insistindo para obter informações, segundo o ministro. Uma alternativa em caso de resposta negativa será estudada junto a organizações multilaterais, como a OEA (Organização dos Estados Americanos).

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Nunes acrescentou também que o Brasil fez apelos à OEA por um fim à violência na Nicarágua. "Não apenas a violência das forças policiais, mas também a violência talvez mais ultrajante, que é a violência das forças paramilitares".

Resposta: Nicarágua convoca embaixadora no Brasil

Em resposta à decisão do governo brasileiro de chamar seu embaixador na Nicarágua para prestar esclarecimentos, o governo de Ortega, pediu que sua representante em Brasília, Lorena Martinez, também retornasse ao país de origem. 

De acordo com a embaixada nicaraguense, Martinez viajou na quinta-feira (26) de Brasília a Manágua.

O retorno dela à Nicarágua ocorre depois de ela ter sido convocada nesta semana pelo Itamaraty para prestar esclarecimentos. Mesmo com o comparecimento de Martinez ao Ministério de Relações Exteriores, o governo ainda espera informações sobre o caso.

Brasileira tem diploma de médica emitido na Nicarágua  

A Universidade Americana de Manágua concedeu à Raynéia o diploma de Medicina em uma cerimônia organizada pela direção e os estudantes da instituição onde ela cursava o sexto ano de Medicina. A estudante estava perto de terminar o curso e já fazia residência. 

Raynéia trabalhava como médica do Hospital Carlos Roberto Huembes, da polícia nicaraguense. Segundo a embaixada brasileira em Manágua, ela havia saído do trabalho, onde era plantonista, quando foi vítima dos disparos. Ela ingressou ainda com vida no Hospital Militar Escuela Doctor Alejandro Dávila Bolaños às 23h30 de segunda-feira. O disparo tinha comprometido o fígado, o pulmão direito e o coração, segundo o governo.

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O traslado do corpo deve ser pago pelo governo de Pernambuco, segundo informou a secretaria de Justiça daquele estado na quarta-feira.

Trazer o corpo de Raynéia de volta ao Brasil é a principal preocupação da mãe da universitária, a aposentada Maria José da Costa. De acordo com a família da jovem, o sepultamento deverá ser realizado em um cemitério na região metropolitana do Recife, onde a família já tem jazigo. 

A liberação do corpo da estudante está sendo acompanhada pelo Ministério das Relações Exteriores, em Brasília

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