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Dentro da escola da ONU bombardeada ontem, jovem palestino recolhe restos humanos espalhados numa sala de aula | Marco Longari/AFP
Dentro da escola da ONU bombardeada ontem, jovem palestino recolhe restos humanos espalhados numa sala de aula| Foto: Marco Longari/AFP

Repercussão

Washington condena ataque de Israel contra campo de refugiados

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, respondeu ao ataque de Israel contra a escola de um campo de refugiados em Jabalya. "Uma escola das Nações Unidas que abrigava milhares de famílias palestinas sofreu um ataque repreensível. É injustificável e requer justiça", manifestou Ban em viagem à Costa Rica. A Casa Branca também condenou o bombardeio "da escola da UNRWA em Gaza, que deixou mortos e feridos entre palestinos inocentes, incluindo crianças, e trabalhadores humanitários da ONU", segundo a porta-voz do Conselho Nacional de Segurança, Bernadette Meehan. A escola era refúgio de mais de 3 mil pessoas deslocadas e foi atacada com morteiros disparados por tanques israelenses.

Essa é a segunda vez numa semana que uma escola da ONU abrigando refugiados é bombardeada por forças israelenses. Israel culpa o Hamas pela morte de civis, acusando o grupo de utilizá-los como "escudos humanos".

Decepção

"Israel manifesta uma decepção profunda com a decisão dos governos de El Salvador, Peru e Chile de chamar os embaixadores para consultas. Esse passo representa um respaldo ao Hamas", disse ontem a chancelaria israelense.

1.359 palestinos morreram nos 23 dias da ofensiva de Israel batizada de "Margem Protetora". Mais de 7 mil ficaram feridos. Objetivo da ação militar é conter o lançamento de foguetes pelo Hamas e destruir a rede de túneis usada pelo grupo extremista islâmico. Até ontem, 56 soldados israelenses haviam morrido.

  • Carcaças de burros mortos no ataque de Israel à escola que abrigava civis, no campo de refugiados de Jabalya

Os bombardeios israelenses na Faixa de Gaza causaram ontem centenas de mortes. Somente num mercado, foram 17. Outros 16 morreram e mais de 200 ficaram feridos numa escola administrada pela Organização das Nações Unidas que abrigava refugiados palestinos. Depois do ataque, a ONU denunciou um "massacre".

INFOGRÁFICO: ONU analisa imagens para mensurar os estragos causados na Faixa de Gaza

O mercado de Shejaiya, num subúrbio da cidade de Gaza, foi alvejado durante uma breve trégua humanitária declarada por Israel na ofensiva contra o grupo extremista islâmico Hamas.

A escola atacada fica no campo de refugiados de Jabalya e, entre os mortos, estão várias crianças. A ONU é responsável por 83 escolas em território palestino. Todas são utilizadas para abrigar civis.

A Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina (UNWRA) acusou o exército israelense de "grave violação do direito internacional" e pediu medidas imediatas para "acabar com o massacre".

"Só havia crianças e jovens. Por que fizeram isso? Para onde podemos ir?", disse Hisham al-Masri, um dos refugiados do local.

Do lado israelense, três soldados morreram numa explosão quando acabavam de descobrir um túnel palestino dentro de uma casa no sul da Faixa de Gaza, segundo um comunicado militar.

A ofensiva iniciada em 8 de julho por Israel para impedir o lançamento de foguetes e destruir os túneis utilizados pelo Hamas causou a morte de 1.359 palestinos, entre esses, muitos civis.

Já o Exército de Israel perdeu 56 soldados, o registro mais pesado desde a guerra contra o Hezbollah em 2006, no Líbano. Dois civis israelenses e um trabalhador tailandês morreram em ataques com foguetes.

O Exército israelense havia anunciado um breve cessar-fogo. No entanto, ressaltou que a trégua não se aplicava às zonas em que os soldados estavam em operação. O Hamas considerou a trégua de quatro horas uma jogada de publicidade.

"A trégua anunciada por Israel não passa de uma propaganda midiática e não tem valor algum, porque exclui as áreas instáveis ​ao longo da fronteira e não podemos retirar os feridos", declarou o porta-voz do Hamas.

Os cerca de 1,8 milhão de habitantes de Gaza ocupam um território de 362 quilômetros quadrados e vivem sob um rigoroso bloqueio israelense desde 2006.

Países reagem a bombardeios na Faixa de Gaza

AFP

A comunidade internacional condenou o ataque à escola em Gaza, mas não consegue conter a violência no Oriente Médio. A Alemanha expressou preocupação, enquanto a França condenou o bombardeio de Jabalya. E a Argélia anunciou que estuda uma ação árabe conjunta com o Egito e o Catar (aliado do Hamas).

Durante uma conversa por telefone com o secretário de Estado americano, John Kerry, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, mencionou na última terça-feira: "a ideia e a possibilidade de um cessar-fogo". Mas nada de concreto ocorreu depois das declarações. Israel já avisou que não vai sair de Gaza enquanto não eliminar a ameaça dos grupos armados palestinos.

Mohammad Deif, chefe das Brigadas Ezzedine al-Qassam — braço armado do Hamas —, deixou clara a posição do grupo: não haverá trégua "sem o fim da agressão e a suspensão do cerco", referindo-se ao bloqueio israelense imposto desde 2006 ao enclave palestino.

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