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O colono judeu Avi Farhan, decidido a não entregar sua casa quando Israel desocupar a Faixa de Gaza, está pensando em se tornar palestino.

- Encontrei alguns palestinos. Estou pensando na possibilidade de me transformar em uma espécie de cobaia para a paz e adotar a cidadania palestina - afirmou Farhan. - Será doloroso para mim abrir mão da cidadania israelense, mas quero continuar aqui - acrescentou.

Uma autoridade palestina sugeriu que ele poderia obter autorização para continuar em Gaza - onde moram 1,4 milhão de palestinos - desde que obedecesse às leis palestinas. Já a concessão da cidadania palestina seria resolvida caso a caso, e todos os eventuais requerentes teriam de atender a exigências.

Há anos os moradores de Gaza vêem os 8.500 colonos instalados na região como inimigos que ocupam uma terra na qual desejam fundar um Estado palestino.

O primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, pretende desocupar os 21 assentamentos judaicos da Faixa de Gaza, bem como quatro dos 120 assentamentos da Cisjordânia, em meio ao que chama de um plano de "desengajamento" do conflito com os palestinos. A retirada está prevista para começar no próximo mês.

Farhan, um judeu nascido na Líbia e que trocou o país árabe por Israel aos 3 anos de idade, pouco depois da criação do Estado judaico, afirmou haver sete famílias dispostas a continuar em um assentamento da Faixa de Gaza depois da retirada das forças israelenses.

O colono, de 59 anos, ajudou a fundar o assentamento de Elei Sinai após ter sido obrigado a sair da colônia de Yamit, no Sinai (Egito), em 1982. O território egípcio, ocupado por Israel em 1967, bem como a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, foi devolvido após a assinatura de um acordo de paz.

- Fugi de Trípoli (capital da Líbia), sofri nos campos de desabrigados em Israel e, depois, fui expulso de Yamit. Agora, não quero me transformar em um refugiado de novo. Não tenho mais força - afirmou Farhan, proprietário de um restaurante. - O governo israelense diz que se preocupa com minha segurança no caso de eu ficar aqui. Eu vou zelar pela minha segurança - emendou.

Uma autoridade israelense afirmou que as declarações de Farhan eram um "truque" dos colonos para tentar salvar suas casas.

- Sejamos realistas. Eles estão sendo atacados o tempo todo. O que acontecerá quando não estivermos mais lá? - perguntou a autoridade.

Muitos colonos disseram que ficariam em Gaza até serem obrigados a sair de lá, e são poucos os que pensam em ficar na região depois da retirada israelense.

Mas uma autoridade palestina disse que, nesse caso, eles seriam bem-vindos.

- Ao contrário do sionismo, que é religiosamente exclusivo, o nacionalismo palestino não o é - disse Diana Butto. - Portanto, se esses colonos desejam vir e se sujeitar à lei palestina, então é claro que os receberemos bem - concluiu.

Pelo menos um quinto da população de Israel é formada por árabes, muitos deles muçulmanos, que se identificam como palestinos. Eles têm direitos constitucionais, mas reclamam de discriminação institucionalizada.

Autoridades palestinas e israelenses já concordaram em demolir as casas dos colonos para abrir espaço para prédios residenciais.

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