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A população latina dos Estados Unidos tem sido foco das atenções políticas há algum tempo, mas a capa da revista "Time" que chega às bancas nesta sexta-feira mostra que os latinos serão o elemento-chave para o resultado das eleições de novembro. Com a manchete "Yo decido", assim mesmo, em espanhol, e o retrato de 20 pessoas de origem latina, a revista aborda a importância dessa parcela da população americana - 50 milhões das 310 milhões de pessoas que vivem nos EUA - na escolha do próximo presidente do país.

A reportagem de Michael Scherer deixa claro um ponto: os latinos são um grupo heterogêneo. Pessoas com origem em diferentes países e culturas, pontos de vista e necessidades distintas. Não há uma tendência única. Pelo contrário, há distinções entre tantos eleitores, e é isso que deve ser percebido, estudado e aproveitado pelos candidatos. Eles são numerosos em estados importantes e muitos ainda precisam ser conquistados.

Scherer descreve os latinos como mais jovens (têm em média 27 anos de idade), tendencialmente mais conservadores em temas como casamento e aborto - o que poderia levá-los para o lado republicano - e menos ativos politicamente do que o restante da população americana. Por outro lado, temas como imigração, no qual os democratas costumam ser mais flexíveis, são caros para eles.

Uma pesquisa encomendada recentemente pela TV Univisión mostrou que 72% dos latinos acreditam que o Partido Republicano não se importa com seu apoio ou são hostis à sua comunidade. Marco Rubio, senador republicano pela Flórida e filho de cubanos, reconhece que o partido ainda tem muito a melhorar em relação a essa parcela da população.

Na reportagem, Rubio diz lembrar a seus colegas que "se seus filhos dormissem todas as noites com fome, vocês iriam querer ir para um país trabalhar e mandar dinheiro para sua família", reforçando a importância de um olhar mais cuidadoso sobre políticas imigratórias.

Herman Cain, que desistiu da corrida republicana após inúmeras gafes e escândalos, chegou a perguntar como se dizia delicioso em "cubano" durante visita à Flórida, um desconhecimento sobre a cultura latina que deixou os eleitores de cabelo em pé.

O estado do Arizona, onde muitos latinos vivem e onde os republicanos têm vencido, tem sido um dos centros do debate sobre a questão imigratória - sem dúvida, um dos assuntos de maior relevância para os latinos - e será palco do último debate do partido antes da Super Terça, no dia 6 de março, quando dez estados escolhem seus candidatos.

Para tentar frear os adversários, Obama deve abrir nas próximas semanas um escritório para reforçar sua campanha no estado, onde os democratas não vencem desde Bill Clinton.

Segundo a reportagem, se Obama vencer o adversário republicano em estados com forte presença latina (como Nevada, Colorado, Flórida e Arizona), poderá vencer nos colégios eleitorais mesmo se perder em estados historicamente importantes, como Ohio, Indiana e Wisconsin.

O governo estima que 21,7 milhões dos 50 milhões de latinos estão aptos a votar nestas eleições, o que seria a maior participação latina da História americana. Em 2008, 9,7 milhões de latinos (metade da população latina da época) votaram nas eleições presidenciais.

Em cada eleição presidencial desde 1992, os republicanos receberam pelo menos um quarto dos votos latinos, enquanto o partido democrata ficou com a metade. São os 25% restantes que podem decidir o embate e que serão disputados pelos candidatos pelos próximos meses.

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