Prometendo vingança, centenas de pessoas se aglomeraram neste domingo no túmulo de Saddam Hussein em sua cidade natal, no norte do Iraque, onde o ex-presidente foi enterrado em uma cerimônia privada, após ser enforcado no sábado pelos seus crimes contra a Humanidade.

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Em uma explosão de luto e raiva contra o governo xiita que determinou a execução, os partidários sunitas de Saddam ajoelharam-se e rezaram perto de seu túmulo, sobre a qual uma bandeira do Iraque foi estendida.

O corpo do ex-ditador iraquiano foi enterrado na madrugada deste domingo no povoado de Awja, próximo de sua cidade natal Tikrit. Segundo um membro da família do ex-ditador, existe a intenção de se fundar uma biblioteca e uma escola religiosa no local.

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- Queremos transformar o local em uma escola religiosa e em uma biblioteca para homenagear Saddam - disse Muayed al-Hazaa, parente que se disse primo do ex-líder. - Queremos fazer desse lugar um edifício adequado. Isso honrará Saddam Hussein - disse ele à Reuters por telefone.

Neste domingo, novas imagens apareceram na internet mostrando o ex-presidente sendo enforcado em Bagdá. As imagens mostram também os encarregados da execução trocando provocações com Saddam e seu corpo caindo pelo cadafalso. Ele também foi mostrado enforcado, com os olhos abertos.

Caixão foi coberto com a bandeira do Iraque

O corpo de Saddam foi lavado e coberto com uma mortalha branca, seguindo o ritual muçulmano, por um pequeno grupo de membros de sua tribo. Uma fonte próxima de clérigos sunitas locais que participaram do funeral neste domingo disseram que o local estava cheio e que os serviços começaram em Tikrit, antiga base de poder de Saddam, em uma mesquita construída pelo ex-líder nos anos 1980. O corpo foi sepultado próximo aos túmulos de seus dois filhos Uday e Qusay, mortos em 2003 por soldados americanos.

O corpo, que chegou em um helicóptero militar dos Estados Unidos, foi levado depois para a vila de Awja e colocado em uma sala religiosa na presença de um pequeno grupo de autoridades locais e líderes tribais que foram importantes na subida de Saddam ao poder. A televisão estatal mostrou seu caixão coberto com uma bandeira iraquiana e imagens das orações durante a cerimônia.

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Mohammed al-Qaisi, governador da região de Salahaddin, disse que participou do funeral, realizado às 3h05 (22h05 de sábado, no horário de Brasília) e durou cerca de 25 minutos. Ali al-Nida, chefe da tribo de Saddam, a Albu Nasir, também estava presente. Tropas dos EUA e do Iraque vigiaram os eventos de perto, disse uma fonte próxima dos clérigos sunitas.

Novas imagens do enforcamento na internet

Imagem do corpo de Saddam após enforcamento - Reprodução Canais de televisão árabes transmitiram novas imagens de vídeo do enforcamento de Saddam, aparentemente feitas com câmera de baixa qualidade ou telefone celular por guardas ou por outras autoridades que estavam no local da execução, a partir de um ângulo diferente da televisão estatal iraquiana.

Um vídeo na internet, que dura cerca de dois minutos e meio, mostra Saddam caindo enquanto recitava a declaração de fé muçulmana. Ele foi interrompido abruptamente no segundo verso: ''Testemunho que Maomé...'' O ex-líder de 69 anos faz comentários e aparentando calma na forca. Depois, ele grita frases políticas enquanto guardas mascarados o levavam para a câmara de execução, que costumava ser usada pelos seus próprios temidos serviços de segurança.

Em um momento uma voz grita "Moqtada, Moqtada, Moqtada'', em referência ao clérigo xiita Moqtada al-Sadr, cujo pai foi assassinado, em 1999, provavelmente por agentes de Saddam. As palavras "vá para o inferno'' também são ouvidas no vídeo.

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Segundo o jornal "The New York Times", um dos guardas gritou antes da execução: "Você nos destruiu. Você nos matou. Você nos fez viver em privação.''

Saddam respondeu: "Eu salvei vocês da privação e da miséria e destruí seus inimigos, os persas e os americanos.'' O guarda interrompe, dizendo "que deus te amaldiçoe'', segundo o jornal. Saddam responde "que deus te amaldiçoe''.

As filhas de Saddam viram a execução pela TV. Cerca de 14 pessoas assistiram ao enforcamento, nenhuma das quais americana. Uma parte delas era composta por xiitas cujos parentes foram mortos por ordem de Saddam.