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Ministro do Interior alemão e líder do conservador Partido Social-Cristão (CSU), Horst Seehofer (ao centro) fala com a imprensa após as eleições estaduais na Baviera | MICHAEL KAPPELER/AFP
Ministro do Interior alemão e líder do conservador Partido Social-Cristão (CSU), Horst Seehofer (ao centro) fala com a imprensa após as eleições estaduais na Baviera| Foto: MICHAEL KAPPELER/AFP

Os aliados conservadores da chanceler alemã Angela Merkel perderam a maioria absoluta no parlamento estadual da Baviera por uma ampla margem nas eleições regionais deste domingo (14), um resultado que pode causar mais turbulência dentro do governo.

A União Social Cristã (CSU, na sigla em alemão) obteve 37,2% dos votos, abaixo dos 47,7% de cinco anos atrás. Foi o pior desempenho do partido desde 1950 em uma eleição estadual na Baviera, onde tem tradicionalmente dominado. Enfrentamentos constantes no governo nacional de Merkel e uma disputa pelo poder na Baviera atrapalharam o desempenho da CSU. O partido está tradicionalmente mais à direita do que a sigla da chanceler e adotou uma linha dura sobre migração, em confronto com Merkel sobre o assunto.

Houve ganhos para partidos à esquerda e à direita. Os Verdes tiveram 17,5% dos votos, o dobro de seu apoio em 2013. O partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD) entrou na legislatura estadual com 10,2% dos votos.

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Enquanto isso, o Partido Social-Democrata, de centro-esquerda, outra sigla que faz parte da coalização nacional de Merkel, terminou em quinto lugar com 9,7% dos votos, menos da metade do que recebeu em 2013 e seu pior desempenho desde a Segunda Guerra Mundial.

O CSU governa a Baviera, o próspero Estado que abriga cerca de 13 milhões dos 82 milhões de habitantes da Alemanha, há mais de seis décadas. Necessitar de parceiros de coalizão para governar é em si um grande revés para o partido, que existe apenas na Baviera e detinha uma maioria absoluta no Parlamento do Estado.

"Claro que este não é um dia fácil para a CSU", disse o governador do Estado, Markus Söeder, a apoiadores em Munique, acrescentando que o partido aceitou o "doloroso" resultado "com humildade".

Análise

"É um terremoto", disse Thomas Kleine-Brockhoff, que lidera o escritório do German Marshall Fund, think tank americano sobre políticas públicas, em Berlim. “As pessoas estão insatisfeitas com a chamada grande coalizão. Não é assim que eles querem as coisas”.

A eleição foi observada de perto na Alemanha e os resultados parecem se encaixar em um padrão visto dentro do país e em todo o continente. Partidos tradicionais de centro que antes flertavam com a maioria absoluta dos votos estão murchando. Partidos de nichos e politicamente extremos estão ganhando espaço enquanto o eleitorado se fragmenta cada vez mais.

Em nível nacional, isso está representado em um recorde de sete partidos no parlamento desde as eleições do ano passado e uma coalizão governamental profundamente disfuncional de três partidos

O resultado na Baviera, segundo Kleine-Brockhoff, confirma as lutas há muito conhecidas pela centro-esquerda na Europa. Mas também aponta para as dificuldades à frente para a centro-direita do continente. "Estamos olhando para a lenta fragmentação do conservadorismo cristão", disse ele.

As eleições do estado devem repercutir em Berlim, onde serão vistas como mais um golpe para a fusão da CDU (União Democrata-Cristã, partido de Merkel) com sua irmã bávara, a CSU. Desde que a coligação CDU/CSU decepcionou na votação do ano passado, Merkel viu sua autoridade diminuir em casa e no exterior, enquanto lutava para se agarrar a um cargo que ocupa há 13 anos. 

No entanto, a humilhação da CSU na eleição deste domingo também pode facilitar a vida de Merkel em um aspecto: seu principal rival no governo, o ministro do Interior e líder da CSU, Horst Seehofer, deve enfrentar pedidos para renunciar.

Seehofer provocou repetidos confrontos com sua chefe este ano sobre imigração, e quase derrubou o governo. Seu desafio a Merkel foi amplamente visto como uma estratégia deliberada da CSU para provar aos eleitores bávaros que o partido poderia ser tão duro nas fronteiras e na segurança quanto seus rivais insurgentes na AfD. Mas se esse era o objetivo, o esforço não adiantou. A CSU não conseguiu afastar os eleitores de direita da AfD, e outros partidários de centro e liberais migraram seus votos para os progressistas dos Verdes.

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