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O Partido Comunista chinês deu um enfático não a qualquer reforma política que possa ameaçar o governo, em um longo documento publicado nesta sexta-feira (8), véspera do início de uma importante reunião para estabelecer a agenda econômica da próxima década.

Apesar de os líderes do partido terem prometido reformas inéditas no encontro de quatro dias que acontece a portas fechadas, essas vão se concentrar nas questões econômicas, e não há expectativas de reformas políticas ao estilo ocidental.

Em um artigo de página inteira no Diário do Povo, jornal oficial, o instituto de pesquisa histórica do partido foi enfático ao dizer que a China só pode prosperar sob a liderança do PC.

Para os que "pregam a cópia indiscriminada do sistema ocidental", o partido vai "defender sua liderança", diz o texto.

O artigo adverte, como o presidente Xi Jinping já fizera, que os esforços de minar a legitimidade do partido "negando" tragédias como a Revolução Cultural (1966-76), que precedeu reformas econômicas importantes a partir do final dos anos 1970, só iria semear as sementes da própria destruição do partido.

"Os antigos tinham um ditado: ‘se você vai destruir o país de alguém, deve primeiro apagar a história deles'", escreveu o instituto.

"A partir de uma análise das forças inimigas internas e externas, pode-se ver que a negação delas do período anterior à reforma e abertura é negar as grandes conquistas históricas do nosso partido... (elas estão) demonizando nosso partido a fim de negar a posição do Partido Comunista chinês no poder".

O partido não vai aceitar isso, e continuará em seu caminho de "socialismo com características chinesas", acrescentou, referindo-se ao programa de reformas econômicas orientadas pelo mercado.

"Apoiar e desenvolver o socialismo com características chinesas, sem trilhar a estrada fechada e rígida nem pegar o caminho do mal de mudar (nossas) bandeiras e faixas", disse, uma expressão comumente usada pelo partido quando fala sobre não copiar os sistemas políticos ocidentais.

O documento repete uma reportagem de outubro em um jornal influente do partido que denunciava pedidos do Ocidente por reforma política, dizendo que tal pressão visava a se livrar do Partido Comunista.

Antes de Xi chegar ao poder, em uma mudança de liderança geracional em novembro passado, alguns esperavam que ele amenizasse o rígido sistema político chinês, que não tolera dissidência, apontando para o legado de seu pai liberal, um ex-vice-premiê.

Mas Xi supervisionou uma nova repressão a dissidentes e à liberdade de expressão, às vezes adotando a velha escola do maoísmo enquanto busca cortejar poderosos membros conservadores no partido.

Mesmo sem oposição da velha guarda do partido, Xi deve tratar com cuidado qualquer reforma política. Ele mergulhou na crença do partido de que perder o controle rápido demais pode levar à desintegração do país, da mesma forma que aconteceu com a União Soviética sob Mikhail Gorbachev.

Mao - que muitos historiadores culpam não apenas pelo caos da Revolução Cultural, mas também pelos milhões que morreram de fome devido ao fracasso do plano econômico Grande Salto Adiante - não pode ter seu legado arruinado só por causa de seus erros, disse o órgão de pesquisa.

"Fazer isso não só vai contra os fatos históricos e o desejo do povo, mas certamente vai levar a consequências políticas extremamente graves", escreveu.

Apenas 33% dos chineses querem reforma política, mostrou uma pesquisa do Global Times, um influente tabloide de propriedade do Diário do Povo.

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