Manifestantes são detidos em Hong Kong no feriado do Dia Nacional da China, em 1° de outubro de 2020.| Foto: AFP
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A recente legislação de segurança chinesa em Hong Kong pode ser o início do fim para o papel da ilha como um dos principais centros financeiros e comerciais do mundo.

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Muitas das 9 mil empresas estrangeiras – 1,3 mil delas americanas - que possuem sedes regionais na cidade estão avaliando a ameaça que a nova lei pode oferecer, além do que muitos entendem como deterioração do compromisso com os direitos humanos e o Estado de Direito. As saídas de Hong Kong já estão começando.

Enquanto algumas companhias estão com uma postura de “aguardar-para-ver”, um bom número de empresas de tecnologia - particularmente aquelas que coletam e administram dados, o que as torna especialmente vulneráveis à nova legislação - já começou a deixar Hong Kong.

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A Naver, dona do maior motor de buscas da Coreia do Sul, está realocando seus data centers de Hong Kong para Cingapura, por exemplo. A Measurable AI, que gera análises de dados ao rastrear recibos de transações em e-mails, está acelerando planos para mover parte de suas operações para Cingapura e Nova York. E a empresa de software Oursky está planejando estabelecer escritórios no Reino Unido, com planos de expansão para o Japão.

Veículos internacionais de imprensa estão avaliando a necessidade de deixar Hong Kong devido à perda de liberdade de imprensa. A lei restringe a livre expressão e abre margem para autoridades perseguirem e punirem jornalistas cujo conteúdo possa ser considerado em conflito com os interesses chineses.

O New York Times anunciou que parte do seu escritório de Hong Kong foi realocado para Seul. O Wall Street Journal também está considerando uma mudança. Muitos dos maiores conglomerados de imprensa do mundo possuem escritórios regionais na cidade e provavelmente compartilham dessas preocupações.

Depois que a China impôs a Lei de Segurança Nacional a Hong Kong, uma pesquisa conduzida pela American Chamber of Commerce (Câmara de Comércio Americana, em tradução livre) em Hong Kong indicou que, dos 154 membros, 36% deles possuíam planos de realocar capital, recursos ou operações para fora da cidade.

Os regulados mercados financeiros de Hong Kong, a transparência e a localização geográfica já tornaram o local um atrativo para instituições financeiras. Agora, considerando a nova legislação, os mercados financeiros de Hong Kong estão se tornando claramente menos atrativos para companhis listadas em bolsa, bancos de investimentos e investidores institucionais que não façam parte de companhias chinesas. A percepção de risco aumentou.

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Em outros lugares do mundo, mercados acionários e mercados financeiros que oferecem fortes marcos regulatórios e transparência serão os grandes beneficiários.

Cingapura, que ocupa o primeiro lugar na lista de 180 países no Índice de Liberdade Econômica de 2020 da Heritage Foundation, é o provável destino de empresas que buscam tirar de Hong Kong suas operações na região do Pacífico na Ásia.

Em adição à liberdade econômica, Cingapura oferece um ambiente de negócios invejável. A infraestrutura é altamente desenvolvida, é fácil fazer negócios e a qualidade de vida é elevada. Outros candidatos regionais bem colocados no Índice de Liberdade Econômica incluem a Nova Zelândia (terceira posição), Austrália (quarta posição), Taiwan (décima primeira), Coreia do Sul (vigésima quinta) e Japão (trigésima).

Algumas instituições financeiras estão melhor posicionadas para realizar a transição de suas operações. A UBS e o Citigroup estabeleceram escritórios regionais na Nova Zelândia há anos. O Citigroup, o Bank of America e o BNP Paribas têm forte presença em Cingapura, lugar bem-preparado para oferecer um ambiente estável.

Então, o que os Estados Unidos devem fazer? O país já anunciou a revogação de benefícios especiais concedidos a Hong Kong por conta de seu status de região administrativa especial. Oficiais considerados culpados de serem facilmente coniventes com as novas medidas de restrições de Pequim têm sido sancionados em nível pessoal.

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Além dessas medidas, há pouco que os Estados Unidos possam fazer. Companhias americanas devem decidir individualmente como responder ao risco à liberdade e segurança de seus empregados em Hong Kong. Muitas provavelmente realocarão pessoal e capital para ambientes de negócios mais amigáveis e estáveis. Interferência ou intervenção por parte do governo americano não serão necessárias para que isso aconteça.

A China ainda tem tempo para evitar que a rachadura da debandada se torne uma inundação, mas o governo do presidente Xi Jinping não mostrou nenhum sinal de que irá recuar.

É uma tragédia para o povo de Hong Kong, e um sinal de que as esperanças para uma maior harmonia futura de normas econômicas e políticas entre a China e o Ocidente estão cada vez menores.

* Patrick Tyrrel é pesquisador na Heritage Foundation.

© 2020 Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês.

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