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Jerusalém (Reuters) – Pesquisas de opinião publicadas pela imprensa israelense indicam que o primeiro-ministro do país, Ariel Sharon, deve ganhar as eleições marcadas para março. Sharon abandonou seu partido, o Likud, na segunda-feira, para criar um novo partido de centro, batizado provisoriamente como Responsabilidade Nacional. Segundo as pesquisas, Sharon conquistará entre 30 e 33 cadeiras das 120 do Parlamento (veja quadro ao lado), o suficiente para fazer de seu partido a maior facção da coalizão governista, o que lhe garantiria virtualmente um terceiro mandato como premier.

O resultado das pesquisas comprova que a arriscada jogada política de Sharon pode dar certo. Em uma atitude que pode mudar o cenário político israelense por anos, Sharon abandonou o partido que ajudou a fundar há três décadas, alegando não poder lutar pela paz com os palestinos porque "perde tempo" combatendo adversários de extrema direita dentro do Likud. Sharon a popularidade conquistada entre os moderados com a desocupação da Faixa de Gaza, concluída em setembro, e o aval dos mais bélicos à sua forte resposta militar ao levante palestino.

Desarmamento

Na entrevista coletiva concedida na segunda-feira, ele não deu mostras de ceder em sua principal exigência para a negociação da paz com os palestinos, a de que a Autoridade Palestina desarme os militantes. As negociações estão emperradas há cinco anos, desde o início do atual levante. Animado, o ex-general de 77 anos, apelidado de "o trator", descartou novas retiradas unilaterais israelenses de terras ocupadas.

O vice-primeiro-ministro, Ehud Olmert, que vai se juntar ao novo partido de Sharon, disse à rádio do Exército: "Estamos falando do desejo de definir as fronteiras permanentes de Israel dentro dos parâmetros de um acordo (com os palestinos) baseados no mapa do caminho." O mapa do caminho é o plano de paz entre israelenses e palestinos patrocinado pelos EUA, e que prevê a criação de um Estado palestino.

Na cidade de Jericó, na Cisjordânia, o premier palestino, Ahmed Qorei, disse que, embora as mudanças políticas em Israel fossem um assunto interno, espera que surja "um governo israelense interessado em um processo de paz dentro de um período de tempo limitado".

De acordo com as pesquisas publicadas ontem pelos jornais Yedioth Ahronoth, Haaretz e Maariv, o Likud aparece apenas em terceiro lugar, com entre 12 e 15 cadeiras no Parlamento. O Partido Trabalhista, que tem um novo líder, Amir Peretz, conquistaria de 25 a 26 assentos. Mas a análise que acompanhou a sondagem do Haaretz advertiu que o entusiasmo inicial com a atitude de Sharon pode esmorecer com o tempo. Historicamente, novos partidos não são bem-sucedidos em Israel. Sharon ainda enfrenta a forte oposição do favorito para sucedê-lo como líder do Likud, Benjamin Netanyahu. O Comitê Central do Likud deve se reunir amanhã para decidir a data das primárias. Já aderiram ao partido de Sharon cerca de uma dúzia de veteranos do Likud. Fontes próximas a Sharon dizem que ele também pode recrutar colegas entre ex-chefes de segurança, sionistas moderados e acadêmicos.

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