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La Paz – A Petrobrás anunciou ontem que deixará de operar na distribuição atacadista de combustíveis na Bolívia a partir de 1.º de julho. O decreto do presidente boliviano, Evo Morales, que nacionalizou o setor em 1.º de maio, estabelece que a distribuição atacadista deve ser assumida pelo Estado.

Em comunicado, a companhia petrolífera afirmou que garantirá a entrega de gasolina e de gasóleo aos postos de gasolina bolivianos somente até o dia 30 de junho. O governo da Bolívia, que vêm reclamando das petroleiras por atraso no fornecimento de diesel, ainda não divulgou se terá como assumir a tarefa. A Petrobrás, principal fornecedora de diesel, lidera o boicote, acusa La Paz.

A Petrobrás adquiriu em 2001 o direito de distribuição atacadista de combustíveis por cinco anos e opera principalmente em La Paz, Cochabamba, Santa Cruz, Trinidad, Oruro e Tarija. A nacionalização dos hidrocarbonetos transferiu à empresa estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) a distribuição exclusiva dos combustíveis.

"A princípio estava previsto que a atividade de distribuição atacadista de combustíveis seria declarada livre a partir de julho de 2006. No entanto, a disposição que outorga à YPFB o monopólio anulou esta determinação", afirmou a Petrobrás em comunicado.

Para o governo boliviano, a estatal brasileira é a única multinacional que não acatou a nacionalização. La Paz ampliou a pressão sobre a empresa nesta semana, com essa acusação. Os analistas acredita que trata-se de uma estratégia para forçar a Petrobrás a aceitar o aumento no preço do gás, atualmente em US$ 3,4 o milhão de BTU. A Argentina aceitou que o valor suba para US$ 5, o que também deixa a empresa brasileira com menos argumentos. Mesmo assim, a Petrobrás afirma que não pretende aceitar reajuste.

A empresa tenta exaltar sua contribuição ao desenvolvimento da Bolívia, onde já investiu cerca de US$ 1,5 bilhão. No comunicado de ontem, acrescentou que sua presença no fornecimento de combustíveis através de seus postos de gasolina "melhorou de maneira substancial a qualidade dos produtos e a atenção ao público".

Além da Petrobrás, a anglo-holandesa Shell e as bolivianas Pisco, Copenac, Distribución de Petróleos Boliviana e Asociación Accidental Petrolera Santa Cruz também devem suspender seus trabalhos de distribuição atacadista de combustível.

Evo Morales tenta manter sua posição de ampla defesa ao nacionalismo para garantir apoio a seus aliados na eleição de 2 de julho, que vai escolher a Constituinte 2006. Ele precisa de maioria para garantir a execução de seus planos.

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