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O desabamento do Edifício Liberdade, no centro do Rio, que provocou a morte de 22 pessoas em janeiro passado, foi causado pelas obras de reforma no 9º andar do prédio, indica investigação da Polícia Federal (PF). O delegado Fábio Scliar, que assumiu o caso na última sexta-feira, afirmou nesta terça-feira que deve indiciar por homicídio os responsáveis pela obra.

O delegado inquiriu a administradora Cristiane Azevedo, que é funcionária da T.O. Tecnologia Organizacional, empresa de informática que funcionava nesse e em outros andares do edifício. Segundo o delegado, Cristiane era responsável pelo controle de gastos da obra e também teria copiado a planta de outros quatro andares já reformados do prédio para auxiliar na obra do 9º andar. Com base no depoimento, que não havia terminado até o início da noite desta terça-feira, Scliar poderia decidir indiciar Cristiane como uma das responsáveis pelos homicídios.

"Ainda não há entendimento se são homicídios dolosos (com intenção) ou culposos (sem intenção). Mas são 22 homicídios mais os crimes de desmoronamento e contra o patrimônio histórico (devido aos danos no vizinho Teatro Municipal). As penas são bastante robustas", diz Scliar, que aguarda a conclusão da perícia para encerrar o inquérito.

Scliar também ouviu quatro pessoas envolvidas na obra: um empreiteiro e três pedreiros contratados por ele. Os depoimentos indicaram que a reforma, iniciada dez dias antes do acidente, pode ter abalado a estrutura do prédio. O pedreiro Wanderley Muniz da Silva afirmou que derrubou paredes e vergalhões trançados que iam do teto ao chão "Isso significa que (cada vergalhão) estava cravado na laje. Há vários indícios de que a estrutura foi danificada pela obra", afirmou o delegado.

Scliar se baseia ainda em depoimentos de pedestres que testemunharam o desabamento. Eles afirmaram que pedras, pedaços de concreto e paredes começaram a cair do 9º andar antes da queda do edifício, que atingiu e destruiu outros dois prédios. O advogado da T.O., Jorge Willians, afirmou que também havia obras no 8º e no 18º andares, que não eram de responsabilidade da T.O. Segundo ele, elas ocorriam simultaneamente e também podem ter contribuído para o desabamento. "Ninguém faria uma obra com a intenção de derrubar o prédio", afirma.

O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio (Crea-RJ) afirma que a obra era irregular por não possuir engenheiro responsável. "Nenhum operário começa a derrubar parede e partes estruturais sem orientação", afirma o presidente do órgão, Agostinho Guerreiro. Três corpos recolhidos dos destroços do desabamento ainda não foram identificados.

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