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Foz do Iguaçu – A Polícia Federal rebateu ontem a acusação norte-americana de que o Brasil não investiga operações de lavagem de dinheiro. O Relatório de Estratégia de Controle Internacional de Narcóticos foi divulgado pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos na quarta-feira. De acordo com o documento, apenas 2,5% das atividades financeiras suspeitas são na prática investigadas. Além disso, diz o relatório, há fontes de financiamento terroristas na região da tríplice fronteira do Brasil, Paraguai e Argentina e vasto uso do território brasileiro como rota do narcotráfico.

O coordenador-geral de Repressão e Entorpecentes da Polícia Federal (PF) em Brasília, Anísio Soares Vieira, diz que a corporação vem se esforçando para criar mecanismos legais que permitam investigações mais ágeis sobre atividades financeiras. Para Vieira, é natural que traficantes dos países andinos tentem usar o Brasil para a passagem de drogas porque o país ocupa a metade do território sul-americano.

O delegado-chefe da Polícia Federal (PF) em Foz do Iguaçu, Alessandro Carvalho, diz que as informações contidas no documento não são novas. "Essa história de que aqui existiria um foco de financiamento de grupos como o Hezbollah" é antiga, ressalta. As acusações sobre financiamento terroristas recaem sobre a tríplice fronteira pelo fato de a região concentrar a maior colônia árabe-libanesa do Brasil, depois de São Paulo. São cerca de 12 mil imigrantes e descendentes. Boa parte faz envia dinheiro a parentes que vivem no Oriente Médio.

O sociólogo Tomas Palau, da ONG Base de Investigações Sociais, com sede em Assunção, Paraguai, acha que os Estados Unidos estão, mais uma vez, usando a justificativa da existência de financiamento terrorista na área trinacional para se instalar no Paraguai e aproximar-se do Brasil, "cuja política exterior não está totalmente alinhada à Casa Branca". "Nunca mostram nenhuma prova concreta", aponta.

Para Palau, o interesse norte-americano pela tríplice fronteira está relacionado à produção de energia elétrica da Itaipu Binacional e à presença do Aqüífero Guarani, considerada a maior reserva de água doce do mundo com 1,2 quilômetros quadrados. Outro ponto de atração, acha, são as lavouras de soja do estado de Alto Paraná, Paraguai, que desperta interesse das multinacionais.

Para ele, uma das evidências do interesse ianque na região são as ações humanitárias e militares que os Estados Unidos vêm realizando no Paraguai desde o ano passado. O congresso paraguaio autorizou o governo norte-americano a desencadear 13 missões no país até o fim deste ano. Elas incluem de treinamento antiterrorista a atendimento médico e odontológico para a população local, algo que tem conquistado a simpatia dos paraguaios.

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