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O ex-ditador do Chile, Augusto Pinochet, completa 90 anos nesta sexta-feira, em prisão domiciliar, depois de ser formalmente acusado do desaparecimento de quatro opositores durante o regime militar e de quatro crimes relacionados a sua fortuna secreta no exterior.

Pessoas próximas do ex-presidente disseram que este será o aniversário mais triste de sua vida.

- Será um dos aniversários mais dolorosos para meu pai - disse o filho mais velho de Pinochet, também chamado Augusto.

O advogado Hermógenes Pérez de Arce, um partidário ferrenho do ex-presidente, disse que o aniversário "será triste porque ele está abandonado".

A família do ex-ditador do Chile Augusto Pinochet cancelou as celebrações do aniversário. Segundo o jornal chileno "La Tercera", a celebração dos 90 anos de Pinochet começaria com uma missa na casa dele. Em seguida, cerca de 60 pessoas participariam de um almoço. A maioria seria de parentes: cinco filhos, as irmãs, uns 30 netos e uma dezena de bisnetos. Também eram esperados ex-ministros e colaboradores.

O diário conta que, depois de Pinochet ter sido notificado do processo, sua mulher, Lucía Hiriart, conversou com alguns dos filhos e a família decidiu pelo cancelamento da festa. Num comunicado à imprensa, ela atribuiu a decisão "aos efeitos naturais disso (o processo e a prisão domiciliar) sobre o estado de saúde" do marido. Não há relatos, porém, de que os problemas de saúde de Pinochet tenham se agravado nesta semana por causa dos processos

DOIS DIAS, DOIS PROCESSOS - Na quinta-feira, um dia depois do indiciamento por fraude fiscal e falsificação, no caso das contas secretas, o juiz Víctor Montiglio anunciou a abertura de processo contra Pinochet por seis dos 119 desaparecimentos da Operação Colombo, esquema armado pela polícia secreta para encobrir o seqüestro de opositores, plantando em jornais notícias de que haviam morrido em desentendimentos internos da esquerda armada. Com o indiciamento, o juiz também decretou prisão domiciliar, no mesmo dia em que a defesa de Pinochet conseguira reduzir à metade a fiança para concessão de liberdade provisória, ditada no dia anterior pelo juiz Carlos Cerda, encarregado da investigação da origem da fortuna do ex-presidente.

Antes de decidir pelo processo, Montiglio havia pedido exames neurológicos e psiquiátricos de Pinochet e o submetido a uma acareação com Manuel Contreras, o ex-chefe de sua polícia secreta, a Direção Nacional de Inteligência (Dina).

- Há perseguição da esquerda contra Pinochet - disse o ex-ministro de Bens Nacionais Armando Alvarez, um dos que foram à casa de Pinochet após a nova decretação de prisão, para prestar solidariedade.

Os advogados das famílias de desaparecidos na Operação Colombo festejaram.

- Por fim, se faz justiça num caso que se manteve impune para as famílias, que buscaram os tribunais para limpar a situação de seus parentes - disse Hernán Quezada, um dos advogados da acusação. - Está sendo reivindicada a memória destas vítimas, a quem fizeram passar por mortos em manchetes da imprensa chilena.

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